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Alberto Youssef: defesa do doleiro contesta prisão preventiva

Alberto Youssef: defesa do doleiro contesta prisão preventiva

Preso em Itapoá (SC), Youssef foi trazido a Curitiba e passará por audiência de custódia na tarde desta terça-feira.

Redação - terça-feira, 21 de março de 2023 - 11:49

 A defesa do doleiro Alberto Youssef contesta a prisão preventiva determinada pela Justiça Federal. O mandado foi cumprido ontem (20) pela Polícia Federal, em Itapoá, Santa Catarina.

A ordem de prisão foi determinada pelo juiz Eduardo Appio, que atualmente é responsável pelos processos relacionados à Lava Jato na 13.ª Vara Federal em Curitiba.

Por meio de um habeas corpus, a defesa de Youssef pede que a Justiça Federal do Paraná revogue o mandado de prisão preventiva.

Após a prisão, o doleiro foi trazido ainda durante a noite de ontem para a capital paranaense. Ele está detido na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no bairro Santa Cândida. 

Alberto Youssef passará por uma audiência de custódia no início da tarde de hoje. 

Ao fundamentar a ordem de prisão preventiva de Alberto Youssef, o juiz Eduardo Appio argumenta que a medida é necessária para a devida “aplicação da lei penal”. Segundo o magistrado, o doleiro se mudou para Itapoá (SC) sem comunicar a Justiça com antecedência, o que demostraria “total desprestígio à justiça federal de seu país, bem como certeza de impunidade”. 

A advogada de Youssef, Giovana Menegolo, contesta o argumento. E pondera que o endereço catarinense foi informado e autorizado pela 12.ª Vara Federal, que é a responsável pela execução penal do condenado.

“A gente analisa que a decisão está totalmente equivocada. Meu cliente cumpre pena e o endereço foi devidamente autorizado, ele tem duplo domicílio. Então o juízo competente pela execução penal dele autorizou tanto o endereço localizado em São Paulo quanto o endereço em Itapoá. É fato notório que meu cliente estava devidamente autorizado em estar em uma residência na cidade catarinense”, argumenta.

No despacho em que expede o novo mandado de prisão preventiva, Appio argumenta que Alberto Youssef é um criminoso perigoso, com alto poder aquisitivo, e que manifesta “reiteração delitiva”. O magistrado aponta que o doleiro assinou dois acordos de delação premiada – em 2004, no Caso Banestado, e em 2014, na Operação Lava Jato.

A advogada Giovana Menegolo afirma que Youssef cumpre o que determina o acordo de colaboração e pondera que o pedido de prisão é injustificado, uma vez que não aborda fatos novos.

“Os fatos que estão sendo investigados naquele inquérito estavam suspensos e são fatos recentes, contemporâneos. Isso até a jurisprudência já deixou clara, que um decreto preventivo tem que basear em fatos contemporâneos, não em fatos antigos, anteriores até a própria Operação Lava Jato”, contesta a advogada.

Alberto Youssef e a Operação Lava Jato

Alberto Youssef é considerado o “marco zero” das investigações que levaram à Operação Lava Jato. Após a delação premiada firmada no bojo do Escândalo do Banestado, em 2004, a Polícia Federal identificou que o doleiro continuava operando nas sombras. Entre os clientes estava o ex-deputado londrinense José Janene, um dos pivôs do Mensalão.

Youssef voltou para a mira da PF seis anos da primeira fase Lava Jato. O escândalo de corrupção na Petrobras, chamado à época de Petrolão, começou a ser revelado após a polícia identificar que o doleiro deu um carro de luxo para o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa.

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