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Atleta transplantado de Curitiba conquista dois bronzes em mundial

Atleta transplantado de Curitiba conquista dois bronzes em mundial

O evento é um dos maiores do mundo voltado a pessoas transplantadas ou doadores de órgãos. Ramon Lima, de 41 anos, se destacou nas provas de corrida

Ana Flavia Silva - quinta-feira, 27 de abril de 2023 - 19:01

Um atleta de Curitiba garantiu dois bronzes no World Transplant Games 2023, na Austrália. O evento, que neste anos ocorreu entre os dias 15 e 21 de abril, é um dos maiores do mundo voltado a pessoas transplantadas ou doadores de órgãos. Ramon Lima, de 41 anos, se destacou nas provas de corrida de 1.500 m e 800m. Ao todo, 25 medalhas foram conquistadas por atletas brasileiros.

Professor de Educação Física, Ramon descobriu a insuficiência renal crônica há 11 anos. Passou pela diálise peritoneal (processo que “substitui” a função dos rins), ficou cerca de um ano na fila esperando por um transplante e em janeiro de 2020 recebeu a ligação de que um rim compatível o esperava. Mas os desafios pós-cirúrgicos também. “Precisei superar limites e medos. Só depois de conhecer atletas transplantados é que percebi a minha capacidade para percorrer o caminho do esporte, que já fazia parte de mim”, revela.

Ramon faz parte da Liga de Atletas Transplantados do Brasil, que busca fortalecer o elo entre pessoas que passaram por transplantes de órgãos e seguiram praticando atividades físicas. Mais do que isso, o grupo também trabalha pela ampliação da divulgação e sensibilização da sociedade sobre o tema. “Vi no esporte uma maneira de mostrar a importância da doação de órgãos e desmistificar a ideia de que transplantado é alguém com muitas restrições e que não pode se exercitar.”

ESPORTE PELA SAÚDE DE TRANSPLANTADOS

Alexandre Tortoza Bignelli, nefrologista e coordenador do Serviço de Transplante Renal do Hospital Universitário Cajuru, destaca que a prática de atividade física é benéfica em casos de transplantes. “Os transplantados que se exercitam ficam internados menos tempo, podendo voltar mais rápido ao trabalho e à vida social, o que reflete em mais qualidade de vida”, conta. O médico acompanha o caso de Ramon desde o início e afirma que as atividades físicas podem funcionar como um “remédio”.

A prática de exercícios fez o atleta redescobrir sua paixão pelo esporte e despertar para o desejo de colecionar ainda mais medalhas. Um mito que o atleta busca quebrar com a participação em jogos é sobre as restrições esportivas para transplantados. “Sempre pratiquei esportes. Mas, a partir da descoberta dos jogos voltados ao público que recebeu um órgão, senti ainda mais vontade de competir e mostrar que os transplantados têm condições físicas de disputar eventos esportivos. Hoje, não vejo meu dia a dia sem atividade física, e sem pensar em como melhorar a divulgação da doação de órgãos”, acrescenta Ramon.

O número de pessoas com doença renal crônica triplicou na última década, no Brasil. Hoje, estima-se que 13 milhões de pessoas convivam com a doença e mais de 140 mil façam diálise no país. No mundo, calcula-se que 850 milhões têm algum comprometimento renal. 
 

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