Pedro Ribeiro
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Romanelli literalmente incendeia a agenda política da semana em entrevista à rádio Jovem Pan

O deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSB) disse nesta segunda-feira, em Curitiba, que o “Posto Ipiranga está apagado e que não temos mais nenhuma iniciativa do Governo Federal para sair desta crise econômica”.

O Posto Ipiranga a que se referiu o parlamentar é o ministro Paulo Guedes que não estaria dando conta do recado em relação à gestão econômica do país.

Diante disso, Romanelli avalia que o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição à Presidência da República, “será vítima de sua falta de visão estratégica para o país”. Romanelli vê dificuldades na reeleição de Bolsonaro.

Em entrevista à Jovem Pan, Romanelli reafirmou que seu partido, o PSB, têm compromisso de apoiar a reeleição do governador Ratinho Junior (PSD) nas eleições de 2 de outubro de 2022. Segundo ele, a posição é de conhecimento da direção nacional da legenda que aprovou a aliança.

“Estivemos em Brasília e, com a aprovação da direção nacional, estabelecemos que vamos estar juntos em 2022”, afirmou Romanelli. “Entendo que o caminho natural agora é trabalhar pela reeleição do governador Ratinho Junior. O projeto que ele propôs está sendo executado. É uma pessoa que tem o pé no chão e dialoga com todos. Acho que esse é o momento do Estado”.

 

Segundo Romanelli, o diretório estadual do PSB deve se posicionar contra a participação do partido na chamada federação partidária que uniria várias siglas e todos teriam que respeitar decisões verticalizadas. “A federação partidária criaria um problema objetivo em relação a esse entendimento que tivemos no Paraná”, entende o deputado. “Eu vou me manifestar contra”.

O deputado também falou sobre a possibilidade do ex-governador paulista Geraldo Alckmin se filiar ao PSB e concorrer como vice na chapa de Lula à presidência da República. “Gosto muito da ideia de trazê-lo. Essa aliança é polêmica, mas ela dá um sinal muito interessante da construção de um governo de centro-esquerda”, avalia Romanelli. “O Brasil precisa ter pessoas com capacidade de diálogo e interlocução”.

Segundo Romanelli, a tendência da política mundial é a construção de alianças que permitam estabelecer consensos. “Os países caminham para governos mais de centro, onde se busca construir consensos e é necessário que nós façamos isso”, entende ele. “Num outro plano, nós já percebemos que a extrema direita não deu certo nem no Brasil e nem no mundo”.

 

Ainda na entrevista à Jovem Pan, Romanelli também comentou a entrada do ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) na disputa eleitoral. “A candidatura do Moro desestabilizou o cenário político e eu já falava isso há muito tempo”. “Acho que o Moro é um fato novo na política, que pode tirar o Bolsonaro do segundo turno. Isso se o ex-presidente Lula não ganhar eleição ainda no primeiro turno”.

O deputado também disse que o Paraná precisa renovar a representação no Senado Federal. Para ele, o senador tem a obrigação de defender a agenda estadual. “Defender ideias próprias ou partidárias é saudável. Mas precisamos de senador vinculado às causas do Paraná”, avalia Romanelli.

Segundo ele, o afastamento dos senadores das questões do Estado tem sido uma grande falha da representação do Paraná. “O Paraná tem que ter representação maiúscula em Brasília”.

O deputado lembra que quando era secretário estadual do Trabalho, Emprego e Economia Solidária, entre 2011 e 2014, e presidiu o fórum federal de secretários desta área, teve muitas dificuldades para avançar na defesa de temas importantes, entre eles a criação do Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego.

“Quantas vezes nas negociações com o governo federal tive que me socorrer com senadores de outros estados porque os nossos não queriam dialogar”, recordou ele. “Tivemos outras questões importantes e eu não tinha um senador para buscar apoio. Quem atua no plano federal sabe disso”.

Sobre uma possível candidatura a senador, Romanelli disse que este é um processo em avaliação. “O meu nome tem aparecido e começou a surgir por conta de pesquisas de opinião”, ressalta ele. Para o deputado, a eleição para a presidência, com a entrada de Sérgio Moro, e a confirmação de Lula e Bolsonaro, deverá alterar o quadro político no Paraná e ter reflexos na disputa ao Senado.

“O voto conservador que normalmente iria para o Alvaro Dias poderá ser dividido. Abre espaço para uma candidatura de centro-esquerda. Para alguém que consiga alinhamento político com o ex-presidente Lula e que tenha capacidade de conversar com a sociedade civil organizada e com o setor produtivo. É uma candidatura para transpor esses espectros partidários e que dialogue a favor do Estado”, analisou Romanelli.