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Boric diz querer boa relação com Brasil, mas pensa ‘totalmente diferente’ de Bolsonaro

Boric diz querer boa relação com Brasil, mas pensa ‘totalmente diferente’ de Bolsonaro

“É evidente que pensamos totalmente diferente do presidente Bolsonaro em matéria de consciência climática e direitos humanos”, disse o presidente chileno

Sylvia Colombo - Folhapress - segunda-feira, 14 de março de 2022 - 13:54

Em seu primeiro encontro com a imprensa internacional, no Palácio de La Moneda, em Santiago, o recém-empossado presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou que quer ter uma boa relação com o Brasil, mas ressaltou que há grandes e evidentes divergências entre a agenda de seu governo e a do brasileiro Jair Bolsonaro (PL).

“É evidente que pensamos totalmente diferente do presidente Bolsonaro em matéria de consciência climática e direitos humanos”, afirmou Boric nesta segunda-feira (14). “Mas o povo brasileiro o escolheu, e respeitamos isso”, completou.

Boric disse que tem afinidade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que o convidou para sua posse, mas que ele recusou para não causar um incômodo diplomático com o atual governo, o que, segundo o chileno, representaria uma boa característica do petista. Ele afirmou que teve conversas com vários políticos do PT e ressaltou que também é preciso “aprender com os erros que foram cometidos”.

O mandatário disse que não participará do Prosul (Foro para o Progresso da América do Sul), uma aliança de governos de direita na América do Sul lançada em 2019.

Também sinalizou que não apoia a criação de blocos apenas entre presidentes que têm o mesmo perfil ideológico, como seria a aliança criada por seu antecessor, Sebastián Piñera e integrada por Brasil, Paraguai e Colômbia.

A Argentina havia sido integrada à aliança durante a gestão de Maurício Macri, mas o atual governo, do centro-esquerdista Alberto Fernández, também a abandonou. “Iniciativas de integração que se baseiam em ideologia não funcionam, como o Prosul e o Grupo de Lima”, completou Boric.

O presidente chileno afirmou que o país reforçará sua participação na Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), criada em 2010, e na Aliança do Pacífico, bloco formado por Chile, Colômbia, México e Peru desde 2011.

Ainda assim, disse que o mais importante é que “a América Latina volte a ter uma voz no mundo”.

Apesar das transformações do modelo chileno que se anunciam com a nova Constituição, Boric disse que o Chile sob sua gestão acredita firmemente no multilateralismo. “Sabemos que podemos melhorar alguns aspectos, mas continuaremos muito inseridos no mundo, desde a América Latina.”

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