Caso Renata Muggiati: júri popular avança ao segundo dia

Quatro testemunhas foram ouvidas e os sete jurados sorteados no primeiro dia do júri, cinco mulheres e dois homens; Raphael Suss Marques será ouvido hoje.

O júri popular de Raphael Suss Marques, réu pela morte da fisiculturista Renata Muggiati, em setembro de 2015, entra no segundo dia nesta quinta-feira (9). A sessão será retomada às 9h, com os depoimentos do pai do réu, assistentes técnicos e Raphael Suss Marques.

No primeiro dia do julgamento, quatro testemunhas foram ouvidas. A sessão foi suspensa no fim da noite desta quarta-feira (8), às 23h. 

O júri começou com o sorteio dos sete jurados que foi realizado pela juíza Mychelle Pacheco Cintra, do Tribunal de Justiça do Paraná.

Cinco mulheres e dois homens vão decidir se Raphael Suss Marques é culpado ou inocente. No total 12 jurados foram sorteados, sendo três recusados pela defesa e dois recusados pelo Ministério Público. Em seguida começaram os depoimentos das testemunhas.

O primeiro a falar foi Obadias de Souza Lima Junior, que era o auxiliar de necropsia que estava no IML, no dia em que o corpo de Renata chegou no local. Em seguida, Mara Rejane Segalla, médica legista aposentada, foi ouvida. Ela foi a responsável pelos exames anatomopatológicos dos órgãos da vítima.

O médico Waner Luiz Waterkeper, terceira testemunha, compôs a junta médica que analisou a exumação do corpo de Renata Muggiati e chegou à conclusão de que a causa da morte foi asfixia, e não a queda do edifício.

A quarta testemunha foi o perito criminal Jerry Cristian Gandin, o último a falar pelo lado da acusação, mas que também foi convocado pela defesa.  Jerry fotografou o local da morte e esteve no apartamento pouco depois da morte de Renata. Ele também foi responsável pelo laudo da reprodução simulada que concluiu que o corpo da vítima foi jogado já sem vida.

Neste primeiro dia de julgamento os questionamentos do promotor Marcelo Balzer, do Ministério Público, foram em torno da divergência do laudo de necropsia, feito no dia da morte de Renata Muggiati, e o laudo que foi feito após a exumação do corpo. De acordo com detalhes técnicos explicados pelas testemunhas durante o júri, se o corpo estivesse vivo quando caiu, haveria grande quantidade de sangue espalhado, o que não ocorreu, de acordo com o que disse o perito criminal durante seu depoimento.

A irmã de Renata Muggiati, Thereza Christina Gabriel, acompanhou o primeiro dia de julgamento. Ela acredita que Raphael Suss Marques será condenado.

“A condenação é certa, e eu tenho essa certeza desde o início. Nunca tive nada de dúvida, e espero que a juíza dê uma pena exemplar. Demonstre que o Estado do Paraná, a Justiça do estado não permite e não tolera crime cruel como o feminicídio”, afirma, em entrevista à BandNews Curitiba.

O réu alega que a fisiculturista cometeu suicídio. Já no laudo feito após a exumação consta que a causa da morte foi por asfixia.

Durante o primeiro dia do julgamento, Raphael Suss Marques observou as testemunhas e também olhou algumas vezes em direção à plateia onde estavam familiares dele e da vítima. O julgamento continua e tem previsão de encerrar na próxima sexta-feira (10).

Relembre o caso

Renata Muggiati morreu na madrugada de 12 de setembro de 2015, aos 31 anos. De acordo com a denúncia, o corpo dela foi encontrado após ser jogado por Raphael Suss Marques da janela do apartamento dele, no 31º andar de um prédio no Centro de Curitiba. A fisiculturista e o médico namoravam à época.

Raphael Suss Marques nega ter matado e jogado o corpo de Renata. Segundo ele, Muggiati se jogou da janela porque estava em depressão e em tratamento psiquiátrico.

Foto: Reprodução/Facebook

O crime teve ampla repercussão e o julgamento acontece quase oito anos após a morte da fisiculturista.

O réu é julgado por homicídio qualificado, com as qualificadoras de feminicídio, meio cruel, recurso que impossibilitou defesa da vítima e motivo torpe, além de lesão corporal e fraude processual.