Centenário já foi palco de festa do Flamengo e decepção do Palmeiras

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Palmeiras decide o título da Libertadores para quebrar uma história ruim no Estádio Cente..

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Palmeiras decide o título da Libertadores para quebrar uma história ruim no Estádio Centenário. O Flamengo, ao contrário, pode sair campeão no local chamado de “templo do futebol mundial” pela segunda vez.

As duas equipes fazem, em jogo único, a decisão do torneio continental neste sábado (27), às 17h, em Montevidéu.

O confronto terá transmissão do SBT, na TV aberta, e da FOX Sports, na fechada. Na internet, será possível ver o jogo na ESPN pelo serviço de streaming Star+ e pela Conmebol TV.

“A gente não estava pronto. O time tinha mudado bastante e havia desfalques. Não jogamos bem naquele dia”, define o histórico meia Ademir da Guia, principal astro palmeirense na final da Libertadores de 1968 contra o Estudiantes (ARG).

Depois de perder em La Plata e vencer no Pacaembu, o jogo de desempate foi marcado para Montevidéu em 16 de maio daquele ano. Os brasileiros foram derrotados por 2 a 0. Foi o primeiro dos quatro títulos continentais do clube argentino.

Aquele Estudiantes, comandado pelo técnico Osvaldo Zubeldía, tinha como maior referência ofensiva Juan Román Verón, pai do meia Juan Sebastián Verón. Carlos Bilardo estava no meio-campo. Como treinador, Bilardo levaria a Argentina ao título mundial de 1986 e ao vice de 1990.

Era uma equipe com um jogo bastante distinto do Palmeiras, por ter uma visão pragmática do futebol. O time alviverde estava na transição da Primeira para a Segunda Academia, dois dos maiores elencos da história da agremiação.

“Diziam até que nosso time jogava com alfinetes para espetar os adversários, o que era uma mentira. Aquilo nunca aconteceu”, afirmou Bilardo.

Foi uma final diferente da protagonizada pelo Flamengo, campeão no estádio em 1981. Contra o Cobreloa (CHI), a equipe rubro-negra venceu por 2 a 1 no Maracanã e perdeu por 1 a 0 em Santiago. O desempate foi marcado para o Centenário, e os brasileiros foram campeões ao conseguir o triunfo por 2 a 0.

“Acabou sendo a coroação daquele Flamengo que ganhou tudo. Nosso time era muito melhor que o chileno. Eles apelaram muito para a violência”, lembra-se Zico, o nome mais importante daquela decisão. O meia-atacante fez os quatro gols do clube da Gávea nos três jogos.

De 1980 a 1983, a agremiação carioca ainda ganharia três Campeonatos Brasileiros, uma Libertadores e um Mundial.

A principal queixa flamenguista era contra o zagueiro chileno Mario Soto. Os jogadores diziam que ele usava um anel afiado para acertar os adversários. No Estádio Nacional de Santiago, ele abriu a cabeça de Lico e Adílio dessa forma.

Nos minutos finais em Montevidéu, com a vantagem no placar e o troféu próximo, aconteceu uma das histórias mais inusitadas do clube rubro-negro: a entrada de Anselmo apenas para dar um soco em Soto.

“Foi uma coisa do Carpegiani. Ele estava inconformado com o que tinha acontecido em Santiago. Eu não aprovei, mas aconteceu”, completa Zico.

Anselmo tirou o rival do jogo, foi expulso e saiu escoltado pela polícia.

Em 1961, o Palmeiras já havia feito um jogo de final da Libertadores no Centenário. Mas era o primeiro confronto. Perdeu para o Peñarol por 1 a 0. A partida do título aconteceu no Pacaembu, e os uruguaios foram campeões ao empatarem em 1 a 1.

O time alviverde cometeu um erro estratégico sete anos mais tarde. A Conmebol consultou a diretoria do clube brasileiro quanto ao local do desempate. As alternativas eram Santiago e Montevidéu. Esta última foi escolhida, uma cidade muito mais próxima para a torcida de La Plata do que para os paulistas. Havia muito mais argentinos no estádio.

Quando a decisão de 2019 foi tirada do Chile por causa de protestos populares, a confederação colocou na mesa algumas alternativas. Uma delas era Montevidéu. O Flamengo vetou a ideia e depois seria campeão sobre o River Plate em Lima, no Peru.