(Divulgação)

Como a Co-Criação aproxima público e empresas

As empresas gastavam rios de dinheiro para desenvolver ideias e colocar apenas algumas em prática

Para falar de Co-Criação, precisamos voltar algumas décadas no tempo. Antes do Mundo Digital o sucesso de um novo produto ou serviço era uma incógnita até seu lançamento. As pesquisas qualitativas e quantitativas reduziam as chances de erro, sem dúvidas, mas a verdadeira reação do público geral só era auferida quando o jogo já estava valendo – com linhas de produção ativas e lançamentos realizados. Naqueles dias os departamentos de inovação, P&D e marketing precisavam ser verdadeiros celeiros de ideias. Eles estavam sozinhos, vez que o público geral muito pouco – ou nada – colaborava com o processo criativo das corporações.

Em resumo: as empresas gastavam rios de dinheiro para desenvolver ideias e colocar apenas algumas delas em prática. Mais: destas poucas utilizadas, apenas uma pequena parcela seria bem aceita pelo público. Ou seja, a maioria absoluta das propostas sugeridas pelos departamentos internos das empresas era dispensada, seja por visão ou miopia estratégica. Apesar de todo tempo e dinheiro “jogados fora”, aquela era a única forma de fazer algo novo naqueles dias proto-internéticos.

A web permitiu identificar feedbacks a baixo custo, com altos índices de velocidade e assertividade.

 O Mundo Digital deu voz ao indivíduo. Ele que até então se comunicava boca a boca com seus pares, passou a se manifestar de forma pública através das redes sociais e afins. Ele começou a emitir mensagens sobre os mais diversos temas, inclusive empresas, produtos e serviços. E as empresas mais atentas perceberam a oportunidade de ouvir estas vozes e atender às suas expectativas. Via opiniões do público, as empresas passaram a:

  • Economizar: redução de investimentos em pesquisas, vez que o próprio público, principalmente os heavy-users, trazem informações importantíssimas para a operação sem cobrar por isso;
  • Ganhar tempo: no lugar de pesquisas tradicionais, com estudos de amostragem, coleta e tratamento de dados, a web traz informações instantâneas sobre o que diferentes perfis e públicos acham de uma empresa e seus produtos;
  • Acertar mais: sem intermediários e interpretações via empresas de pesquisa, a assertividade das análises é muito maior nos processos de co-criação no mundo digital.

Para uma boa execução de tais atividades as empresas utilizam equipes especializadas e softwares de monitoramento. Estes últimos varrem a web full-time em busca de citações à empresa, seus produtos, concorrentes e outras palavras relevantes definidas pelo cliente e sua agência de comunicação online.

Estava tudo pronto para a Co-Criação

Com a ponte estabelecida entre empresas e público, nada mais natural do que convidar estes últimos para desenvolver novos produtos e serviços em conjunto com a empresa. O que parecia impossível antes da web é a bola da vez no marketing atual (marketing como um todo, vez que o próprio conceito de marketing digital já é considerado ultrapassado – não é possível fazer marketing nos dias atuais sem levar em consideração o cenário digital) – a Co-Criação.

Como o próprio nome já diz, trata-se do processo de criação conjunta entre empresa e público. A empresa lança a ideia e pede auxílio do público. Este adere em maior ou menor grau, em função da atratividade do projeto, recompensas etc. Um dos exemplos pioneiros no mundo é o da batata americana Lay´s (uma das empresas do grupo PepsiCo, junto com Ruffles, Doritos e muitas outras), que por anos comandou o “Do Us A Flavor”. Eles engajaram todo o público norte-americano a sugerir novos sabores de batata. O mesmo público votou nos sabores que mais gostou. E, por fim, o grande vencedor levava, a cada rodada, 1 milhão de dólares para casa.

Outra empresa que trabalha o processo de Co-Criação com maestria é a Lego. Eles criaram um site chamado Lego Ideas. Seu manifesto: Te faz bem exercitar a imaginação com peças de LEGO? Quer se imaginar como um LEGO master builder? Então, aqui é o seu lugar. Compartilhe suas super criações, participe de concursos com premiações, empacote suas ideias para novos kits do LEGO Ideas se vote em incríveis modelos concebidos por outros membros da comunidade. Forte, não?

Co-Criação “involuntária”

Você já percebeu que aplicativos como o Waze e IFood também se utilizam do processo de Co-Criação? E o Google Maps/Google Meu Negócio também? Cada opinião do indivíduo, cada informação do seu deslocamento e preferências é utilizado em tempo real para o melhor atendimento e personalização a outros usuários. Notem, por exemplo, a relevância de determinado filme ou série para você no Netflix. Tal índice vem do seu próprio uso versus o uso da ferramenta por outros usuários.

A Co-Criação para o seu negócio

Você e sua empresa já estão Co-Criando com o seu público? Esta tendência só tende a crescer, portanto, não perca tempo. Quanto mais cedo o público participar, mais ideias, seguidores e até mesmo evangelizadores a sua marca terá. Além disso, as marcas têm cada vez mais dado atenção ao processo conhecido como Collab (do inglês collaboration), que caracteriza a união de empresas ou pessoas em prol de um produto com mais de uma assinatura.  Estas colaborações são incríveis e inusitadas, como o caso da gigante da moda Gucci com a North Face, referência em roupas de inverno e aventuras. É esta a temática do próximo artigo desta série.

Fonte: https://www.gucci.com/us/en/st/capsule/the-north-face-gucci

Daniel Filla é Vice-Presidente da Associação Comercial do Paraná | Diretor LATAM da AdPolice | Professor e Palestrante de Marketing Digital | Sócio da Agência Digital Explay | Editor-Chefe e apresentador do Programa Report 360 da Band TV Paraná | Mentor de Marketing Digital do InovAtiva Brasil  Juiz do MIT Inclusive Innovation Challenge/ MIT Solve |