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Contos do Contador da Lapa- relatos de amigos de José Renato Lipski

Contos do Contador da Lapa- relatos de amigos de José Renato Lipski

Conheço a Lapa. Já estive na cidade por várias vezes e mais freqüente quando trabalhei na chefia da Comunicação Social da Secretaria da Cultura, na gestão do amigo Fernando Ghignone.

Pedro Ribeiro - quinta-feira, 17 de março de 2022 - 14:30

Conheço a Lapa. Já estive na cidade por várias vezes e mais freqüente quando trabalhei na chefia da Comunicação Social da Secretaria da Cultura, na gestão do amigo Fernando Ghignone. O Teatro da Lapa nos encantava. Recentemente, ao ler o livro do patobranquense, Marcos Bortolli, “Quando Meninos Viram Homens”, que fala sobre a imigração italiana no Sul e nos ilustra com propriedade a guerra do “Cerco da Lapa”. E falar sobre a Lapa, sem consultar o lapeano Jaime Lechinski, é correr risco. Também tive a autorização para publicar o texto “Contos do Contador da Lapa” que retrata algumas passagens do ilustre José Renato Lipski, de seu filho Wilson Bley Lipski, hoje presidente do BRDE. (Pedro Ribeiro, jornalista).

Palavras de um lapeano

“Cidade histórica, a Lapa  é uma terra de muitas gentes,  descendentes principalmente de portugueses, italianos, poloneses e alemães atraídos a partir de meados do século XVIII pelas políticas de colonização do Sul do País  pelo imperador D. Pedro II.  

As marcas de tantas histórias saltam aos olhos na arquitetura residencial bem preservada e em monumentos que marcam a sua paisagem, mas também nos falares e sabores que foram transmitidos de gerações para gerações.

Muitas foram as contribuições da cidade para o Estado e o País e, para além da história oficial, há também uma riquíssima história de personagens do povo , registradas aqui e ali e, sobretudo, transmitida pela tradição oral. Daí que a Lapa, mais que uma visita, merece um bom mergulho.

Estes  “Contos de um contador” , organizados por amigos do ilustre lapeano José Renato Lipski, que recentemente nos deixou, são um ótimo mergulho. (Jaime Lechinski).        

“Contos do Contador da Lapa”

Na cidade histórica da Lapa, personagens e personalidades não faltam para ilustrar a vida de pessoas desse lugar tão especial, culturalmente importante ao Paraná e de arquitetura a lembrar cenários de filmes. E nessa sociedade tão peculiar, nasceu há 77 anos, José Renato Lipski, cujo primeiro nome é desconhecido até de muitos amigos, que o acompanharam nos seus últimos dias, em fevereiro deste ano. 

Técnico em Contabilidade por formação, na Escola Técnica Dr. Nicolau Bley Filho, Renato Lispki, como era chamado e conhecido, exerceu a profissão por 52 anos de forma ativa. Em sua jornada, viveu a experiência de um homem realizado com toda a plenitude que se requer.

É importante ressaltar o ponto de partida dessa trajetória de vida, a família. Casado com Sandra Rosi Bley Lipski, o casal teve dois filhos: Wilson Bley Lipski e Karla Bley Lipski (in memorian), que seguiram com quatro netos e um bisneto. Desse núcleo e do amor incondicional à esposa, com quem chegou a comemorar bodas de ouro, teve o suporte para suas atividades múltiplas, assim como dedicação à vida pública.

Seus amigos, colegas, vizinhos têm uma opinião em comum sobre José Renato Lipski, a energia e versatilidade ao que se propunha fazer. De técnico de som na Rádio Legendária a candidato a prefeito da Lapa. De funcionário do Banco Inco a presidência de clubes como o Sete de Setembro, Congresso Recreativo (sete vezes), Rotary  e Lions Clube da Lapa, secretário municipal, musicista na década de 60 das bandas São Benedito e Maestro João Mariano e do conjunto musical Sambacito, além de organizador de bailes de debutantes e goleiro de futebol de salão. Ainda assim, esse rol de atividades é uma síntese da vida de José Renato, um homem que não se conformava quando tudo estava bem, talvez porque achasse que sempre poderia ser melhor. Por isso, o relato daqueles que conviveram com ele, pode traduzir com clareza o seu legado.

Pessoa íntegra – “O Renato sempre foi um grande colaborador, pessoa íntegra, tinha uma memória fabulosa, sempre alegre, e todos podiam contar com seu apoio e auxílio. Redigia todos os relatórios que eram muitos, para controle das secretarias de Educação e Saúde onde é necessário sempre manter índices que precisam de grande rigor – onde tanto o prefeito como nós secretários podem ser penalizados. Assim sendo, seu auxílio sempre foi muito importante no período em que participou da equipe. Para a Lapa foi uma grande perda. Deixou um legado de grande importância para todos nós” – relato de Flávio Wolf, ex-secretário de Finanças da Lapa, que teve Renato em sua equipe. 

Líder – “Lembro do Renato Lipski ainda jovem, como músico que fazia sucesso nos bailes de carnaval. Lembro como ativo líder comunitário quando presidiu clubes sociais. Lembro quando foi ,digamos, ‘Primeiro Ministro da Prefeitura da Lapa’. Lembro candidato derrotado com o dobro de votos do vencedor da eleição para Prefeito, graças a malfadada sublegenda. Até aí éramos distantes.

Convivi intensamente quando necessitei como prefeito, da sua competência em gestão financeira municipal. Era uns dos melhores e devo a ele diretor e ao Wolf secretário, o sucesso que tive como gestor municipal. Essa convivência não se resumiu ao campo profissional, foi além e tornou-se um grande amigo. Bom pai, marido, cidadão, que soube enfrentar reveses duras na sua trajetória, mas venceu e concluiu sua jornada com louvor” – de Paulo Furiati, ex-prefeito da Lapa.

Competente – “O Renato Lipski foi meu colega de infância, éramos vizinhos de frente, na Avenida Manoel Pedro, na Lapa, nossos pais eram muito amigos, seu irmão Osvaldo convivemos muito, no tempo em que crianças brincavam na rua, sai da Lapa e Renato fez trabalho importante e grandioso na prefeitura na área contábil, era muito respeitado, basta dizer que disputou eleição para prefeito, mas não foi eleito por diferença muito pequena de votos pelo seu prestígio, reconhecimento da população e pelo que representava como homem sério, competente e desprendido” – Luiz Carlos Borges da Silveira, diretor administrativo do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul) e ex-ministro da Saúde.

Gratidão – “A família Lipski em geral tem um conceito muito grande na cidade da Lapa. Na verdade, somos todos muito gratos por tudo o que fizeram e construíram. O senhor Renato Lipski, cidadão benemérito da Lapa, particularmente era uma pessoa muito querida, sempre desenvolveu suas atividades e era muito envolvido no fortalecimento da cidade. Atuava na Prefeitura como diretor financeiro na Secretaria de Fazenda. Pessoa muito correta, deixa uma lacuna na sociedade e um legado que merece todo nosso reconhecimento” – Diego Timbirussu Ribas, atual prefeito da Lapa.

Querido e admirado – “José Renato Lipski era muito querido e admirado por todos que o conheciam e certamente ocupará sempre um lugar de destaque no coração de seus amigos e familiares” – trecho da carta de condolências do secretário de Estado da Justiça, Família e Trabalho, Ney Leprevost.

Ótimo goleiro! – “Convivi com meu xará Renato Lipski, amigo do coração e companheiro. Jogamos futebol de salão onde o meu amigo por sinal era ótimo goleiro. Nosso time tinha o nome de 16 Toneladas, pois a gente era muito forte em tudo: amizade, futebol e cerveja! Saudades sempre e pessoa boa” – do amigo Renato Moreira Ribas, o “Renatão”.

Três vezes Renato – “Fui prefeito de Mallet (PR) em três mandatos e nas três vezes, chamei o Renato para trabalhar na minha equipe. São tantas as qualidades desse homem, que uma lista apenas é pouco. Mas posso afirmar que era uma pessoa responsável, amiga, excelente profissional, idônea, prestativa, além de ter ensinado muita gente seu ofício de contador. Sua partida deixa uma imensa lacuna na vida de amigos” – Cesar Loyola Flenik, ex-prefeito de Mallet.

Amigo como um pai – “O Senhor Renato Lipski , foi um grande amigo do qual eu chamava de pai. Trabalhamos juntos por muito tempo na Prefeitura da Lapa. Após o expediente nós íamos ao clube lapeano brindar e dar algumas risadas. Meu ‘mano’ ( Wilson Bley Lipski) trabalhava na época em Curitiba. Tenho muitas saudades dele, tanto que no aniversário do Renato eu liguei ele ficou muito emocionado, pois fazia algum tempo que nós não nos encontrávamos. Ele foi um grande amigo meu, um ‘pai’, que sempre me falava que eu era o filho mais velho. Sou muito grato ao que ‘o’ Renato e o Wilson fizeram por mim. Tenho a certeza que ele está lá em cima orando por nós” – Acyr Ramin, amigo.

A história de José Renato Lipski nos desafia a dizer fim, porque uma pessoa, seja no ambiente profissional, no convívio com amigos e sobretudo com a família, que é tida como querida, positiva, e sempre a postos para ajudar ao próximo de forma genuína, nos ensina que o legítimo legado do ser-humano está em quem se foi para seu semelhante, em qualquer circunstância.

(Relato dos amigos).

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