Debates na Assembleia Legislativa fogem dos propósitos e viram baixarias

Veja em opinião, o que está acontecendo na Assembleia Legislativa. Pedro Ribeiro

A Assembleia Legislativa do Estado do Paraná corre um sério risco de se transformar em um instrumento de debates fora do contexto, ou do seu propósito. O alerta foi feito nesta quarta-feira, pelo deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSD), depois de observar a série de acontecimentos que vem ocorrendo naquela casa que fogem do seu papel que é criar leis, fiscalizar as ações do Executivo e contribuir para o desenvolvimento do Estado. Hoje, as discussões não passam de ataques pessoais e radicalismo político pautado pelo rancor, ódio.

Em entrevista à coluna, Romanelli lamenta que os ataques extremistas e os discursos monocórdios, na maioria das vezes, de três deputados estaduais, levaram grande parte dos parlamentares a propor à mesa diretora da Assembleia Legislativa do Paraná o cumprimento rigoroso do regimento interno do legislativo que proíbe ofensas, vitupérios expressões chulas da tribuna do parlamento estadual.

Na opinião dos deputados contrários aos sofismas, as agressões proferidas pelos microfones do legislativo desgastam o parlamento perante a opinião pública e esvaziam o debate de temas considerados importantes no estado. Há um visível cansaço de parte dos parlamentares com a situação que chegou ao seu extremo nas últimas sessões.

O presidente do legislativo, deputado Ademar Traiano (PSD) representou o deputado Renato Freitas (PT) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar depois de ser agredido verbalmente pelo petista, que tem sua atuação pautada contra a violência policial e na defesa das minorias.

Baixo nível na Casa do Povo

Do outro lado, os deputados Ricardo Arruda (PL) e Delegado Tito Barichello (União Brasil) se revezam na tribuna com agressões e críticas ao presidente Lula, à primeira dama Janja da Silva, ao governo do PT  e aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), especialmente, ao ministro Alexandre de Moraes.

O baixo nível das falações levou a representação de Freitas – que já fora investigado em outra oportunidade junto com o deputado Ricardo Arruda. Mas também sobrou para Arruda na sessão de terça-feira, 17. “Deputado Arruda não se dirija a um deputado como esse sujeito. Portanto, não cabe a questão de ordem”, asseverou o deputado Traiano da Mesa Diretora ao deputado Ricardo Arruda que se referiu ao deputado Dr. Antenor (PT) como “esse sujeito”.

Sobre a representação contra Freitas, o líder da Oposição, deputado Requião Filho (PT), cobrou a mesma medida aos parlamentares que comumente insultam os adversários e lembrou o episódio do deputado Soldado Adriano José (PP) que xingou de “bosta” o deputado Renato Freitas que criticou a atuação de policiais militares.

Nesta quarta-feira, 18, o deputado Ricardo Arruda voltou aos impropérios e foi interpelado por uma questão de ordem do deputado Luiz Claudio Romanelli, líder do PSD. “Nós não vamos conseguir melhorar o nível de debate do parlamento com expressões iguais a essas reiteradamente usadas na tribuna. Eu sou adepto ao debate político em alto nível, de discussão clara, franca, mas não é o que está acontecendo nesta legislatura”, disse Romanelli.

“A mesa tem que passar a ser escrava do regimento e da constituição”, completou Romanelli que pediu ao deputado Tercílio Turini (PSD), que presidiu a sessão, a convocação de uma reunião do colégio de líderes na segunda-feira, 23, para tratar de medidas mais rigorosas, previstas no regimento interno do legislativo, e evitar as grosserias externadas da tribuna do legislativo. “Não podemos normalizar o linguajar chulo, pautar o debate do parlamento sempre pelos mesmos temas”.