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Dossiê contra Moro e Dallagnol promete incendiar o Congresso

Dossiê contra Moro e Dallagnol promete incendiar o Congresso

O “dossiê” da Lava Jato, que está sendo feito por João Vacari Neto, pretende atingir Sergio Moro e Deltan Dallagnol no Congresso Nacional. Poderá ser usado no debate.

Pedro Ribeiro - quarta-feira, 26 de outubro de 2022 - 10:49

A eleição de 2022 no Brasil está sendo marcada pelo aprendizado na utilização de plataformas da internet, em especial nas redes sociais, onde até crianças já estão dando pitacos nas escolas. 

Polarização, intolerância religiosa, discussões no seio familiar, entre amigos e baixarias nos debates e nas próprias redes sociais, fazem parte. Infelizmente, muito pouco – ou quase nada – de propostas efetivas ao futuro do país. 

Nesta reta final – falam quatro dias – para escolher no segundo turno entre Jair Bolsonaro, atual presidente e Luiz Inácio da Lula, ex-presidente, os coordenadores de campanhas, assessores e militantes dos dois lados não medem esforços na tentativa de descontruir o opositor. É um MMA, ou seja, vale tudo. 

Enquanto Lula sofre pressão nos quatro cantos do país, seja na capital, interior ou nos grotões, sobre denúncias de corrupção com a operação Lava jato que desvendou saques na Petrobrás, o PT trabalha na finalização de um “dossiê” que promete escancarar esta mesma operação Lava Jato.

 O objetivo é atingir o senador eleito, Sergio Moro, e o deputado federal eleito, Deltan Dallagnol, no Congresso nacional.

O “dossiê” deverá ser usado pelo candidato Lula durante o debate que será realizado na Rede Globo para se defender das acusações de corrupção, principal arma do candidato Bolsonaro. O debate promete.

Segundo o jornal Estadão, João Vacari Neto, ex-tesoureiro do PT, trabalha na produção deste tal dossiê para municiar parlamentares petistas contra o ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) e o ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos), que assumem cargos no Congresso em 2023. 

O dossiê, iniciado em novembro do ano passado, inclui trocas de mensagens entre procuradores e o ex-juiz obtidas ilegalmente por hackers, além de relatos de delatores e dados financeiros dos acordos firmados por réus com o Ministério Público. Parte do conteúdo, que foi alvo da Operação Spoofing da Polícia Federal, está sob sigilo da Justiça.

Segundo o jornal, na quarta-feira passada, Vaccari apresentou uma versão preliminar do dossiê ao deputado Rui Falcão, um dos coordenadores de comunicação da campanha de Lula. O Estadão teve acesso ao diálogo. Em cerca de 40 minutos, o ex-tesoureiro mostrou o conteúdo que havia amealhado com a ajuda de cinco advogados. “Na hora que o Deltan aparecer (no Congresso), vocês já caem de cacete em cima dele. Do Moro, a mesma coisa.

Nós queremos também fazer chegar que eles esculhambam ministros do STF, esculhambam ministros do STJ. Ninguém fez esse tipo de trabalho”, disse Vaccari a Falcão nesse encontro.

A defesa de Lula teve acesso ao material na íntegra em janeiro de 2021, por uma decisão do ministro Ricardo Lewandowski. O ex-presidente tentava provar no STF que Moro o julgou de forma enviesada, o que acabou prevalecendo em decisão da Corte de junho do ano passado.

Na decisão, Lewandowski condicionou a autorização à obrigação de manter sigilo. Outros réus da operação também tiveram a permissão da Corte. Vaccari, por sua vez, tentou e não conseguiu acesso ao conteúdo. Agora, no entanto, o material estaria em seu poder, segundo contou a Rui Falcão.

O ex-tesoureiro, assim como Rui Falcão, pretendem que Lula explore esse viés ao ser confrontado por Bolsonaro sobre corrupção. A tese de Vaccari se baseia em um personagem: Pedro Barusco, o executivo da Petrobras que devolveu sozinho R$ 157 milhões em 2015, ao admitir que participou de um esquema de corrupção na empresa. O ex-tesoureiro quer emplacar a versão de que Barusco enriqueceu recebendo propina em contratos superfaturados na Sete Brasil, que não chegaram a ele nem ao PT. A versão que prevaleceu nos julgamentos conduzidos por Sérgio Moro contam outra história: a de que todos os desvios tinham como finalidade bancar, além de vantagens aos executivos, campanhas e propinas a políticos do PT e de partidos aliados.

O dossiê é organizado em capítulos, como “Colaboração internacional”, “Moro e o governo Bolsonaro”, “Interferência nas eleições de 2016”, “Relações com Ministro Fachin” e “A vida luxuosa de Pedro Barusco”. Em pelo menos um deles, disse Vaccari a Rui Falcão, foram reunidas ofensas captadas nas conversas de Moro com os procuradores da Lava Jato direcionadas a membros do Judiciário, como ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Supremo Tribunal de Justiça (STJ). (Com informações do Estadão).

 

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