Pedro Ribeiro

É bonito ver brasileiros nas ruas enrolados na Bandeira Nacional cantando nosso hino, ajoelhando e rezando por um País melhor. Isto é exercer os direitos de cidadão. É saudável. O Supremo Tribunal Federal e as Forças Armadas não podem interferir se os movimentos forem pacíficos, sem exageros.

O que vimos nos últimos meses foi um retrato dos caras pintadas da década de 1980, quando jovens foram para as ruas, praças e em frente a prédios públicos, pedirem por eleições diretas. 

Nas manifestações de hoje, a juventude deu lugar a pessoas mais idosas, principalmente aposentados e donas de casa, além da classe A e B.

As “Diretas Já” marcaram o início de um processo democrático que tirou o País da ditadura.

Atos pontuais em várias partes do País, onde caminhoneiros, principalmente a mandos dos patrões do agronegócio, mancharam o movimento dito dos “patriotas” com truculência ao proibirem os cidadãos de irem e vir, o que é um dos itens básicos dos direitos do cidadão.

Nas Diretas Já não houve isso. Os jovens apenas pintaram os rostos de verde e amarelo e foram para as ruas pedir o fim da ditadura e pelas eleições a presidente da República. Não se tem registro de agressões. As Forças Armadas acompanharam o grito dos jovens e cederam. 

Hoje, tudo é diferente. Assistindo a dezenas de vídeos publicados nas redes sociais, o que observamos foi um grande número de enrolados em bandeiras que não sabiam o que estavam fazendo nas ruas. As palavras de ordem eram: mito, Lula ladrão, Forças Armadas salvem o Brasil.

Quando eram perguntados por que, efetivamente, estavam ali, a maioria não tinha argumentos. Também xingavam a Rede Globo e sinalizavam com invasão comunista no Brasil. 

Grande parte dessas pessoas não tinham conhecimento ou faziam vistas grossas sobre as ações desencontradas da gestão Bolsonaro sobre pandemia da covid, orçamento secreto, compra de 51 imóveis com dinheiro vivo, troca de quaro ministros na saúde, corrupção nos Ministérios da Educação e Meio Ambiente, grosserias e interferências dos filhos do presidente. Desastre na política externa e mentiras. 

Um amigo, quando perguntado em quem iria votar, foi taxativo: não vou votar no Bolsonaro! Por que? Ele acabou trazendo a discórdia dentro da minha família. Um fanatismo que só leva à destruição, disse.

Estas mesmas pessoas, que votaram em Bolsonaro e perderam a eleição, deveriam retornar ao trabalho para produzir, fazer a economia girar e olhar para a frente. Se Lula não der certo, que o Congresso Nacional crie um projeto de impeachment e o tire do Palácio do Planalto, como foi feito com Collor de Mello e Dilma Rousseff.

O que não é saudável é ralar os joelhos no asfalto e achar que Lula não subirá a rampa do Palácio do Planalto. Lula já está desenhando seu ministério, através da equipe de transição. Não tem volta. 

Lembro de uma campanha publicitária no governo Beto Richa onde um cidadão, com uma Brasília e um megafone, saia às ruas pedindo para que as pessoas fizessem greve. Esse cidadão chegou em uma borracharia e viu o dono, chamado Chico, e lhe perguntou: Ué, Chico, você não vai na manifestação? Eis que o trabalhador responde: tenho que trabalhar. Faça greve no meu lugar. 

Resumo: Nem o humilde Chico acreditava na dita manifestação. Estava fcado no seu trabalho para levar o sustento à família.