João Arruda

Hoje, quero trazer à reflexão um tema que nos últimos dias vem sendo alvo de debates e questionamentos: o futebol feminino no Brasil e o machismo que o tem cercado. Permitam-me caminhar com vocês pelos campos da história e das conquistas, explorando como a falta de apoio e espaço têm impactado essa modalidade no país.

Não podemos negar que o futebol masculino se entrelaça com a história de nossa nação. Do simples prazer de praticá-lo ao sentimento de torcer por nossos atletas em competições internacionais, o futebol conquistou o coração de milhões de brasileiros. O resultado foi um ciclo virtuoso de crescimento, com vitórias e conquistas que fortaleceram nossa autoestima e patriotismo.

No entanto, ao voltarmos o olhar para o futebol feminino, deparamo-nos com uma realidade menos auspiciosa. Por anos, o preconceito e o machismo insistiram em propagar a ideia de que futebol é “coisa de homem”, deixando as mulheres à margem da prática desse esporte. Sem a oportunidade de praticar, como poderiam crescer campeãs e ídolas?

Outras modalidades esportivas, como o vôlei e o basquete feminino, encontraram mais espaço e apoio ao longo dos anos, contando com estrelas brilhantes, como Hortência e Ana Moser. A massificação da prática esportiva é fundamental para formar talentos e conquistar a audiência e o retorno financeiro que impulsionam o crescimento. Então, por que não investimos antes no futebol feminino?

Olhemos para os Estados Unidos, onde as mulheres têm mais apoio no soccer (futebol) porque ganham jogos e essa modalidade é valorizada desde a escola. Enquanto os homens jogam futebol americano ou basebol, as mulheres se destacam no soccer ou softball.

Ao admitirmos que o Brasil é um país machista, reconhecemos que o preconceito bloqueou a prática do futebol feminino, limitando seu crescimento, visibilidade e conquistas. Sem a prática, não há como alcançar vitórias e formar ídolas que inspirem a paixão nacional e levem ao reconhecimento merecido.

Mas, como sempre, há espaço para a mudança. Este debate é fundamental para provocar a consciência de todos nós e lutar pela igualdade de gênero. Não podemos ignorar a importância de promover o futebol feminino com seriedade e dedicação, valorizando o talento das nossas atletas e incentivando as futuras gerações.

O esporte tem o poder de unir as pessoas e fortalecer o patriotismo. Se a história nos mostrou como o rugby fortaleceu o patriotismo na África do Sul, e a Fórmula 1 de Ayrton Senna também inspirou um amor à pátria aqui, por que não trilhar esse mesmo caminho com o futebol feminino?

Acredito que a mudança começa por cada um de nós, ao rejeitarmos os estereótipos e apoiarmos a prática e a valorização do futebol feminino. É tempo de romper barreiras, abrir espaços e enaltecer as conquistas das nossas jogadoras.

Que o futebol feminino cresça, alcance o merecido destaque e inspire milhões de brasileiras a conquistarem seus sonhos, dentro e fora dos campos.

Até a próxima semana!


João Arruda é bacharel em Ciência da Saúde Integrativa pela Stetson University. Editor e apresentador do videocast Mundo Real. Acompanhe nas redes sociais: