Interlagos receberá GP de F-1 até 2025, segundo João Doria

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou em entrevista coletiva nesta quinta-feira (12) que foi renovado o..

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou em entrevista coletiva nesta quinta-feira (12) que foi renovado o acordo com a Fórmula 1 para o Grande Prêmio em Interlagos pelos próximos cinco anos. O contrato terá validade de 2021 a 2025.

A etapa deixará de ser chamar oficialmente GP Brasil e passará a ser divulgada como GP São Paulo, segundo o prefeito Bruno Covas (PSDB), que se juntou ao evento mais tarde.

“O autódromo de Interlagos está confirmado como sede nos próximos cinco anos. O contrato será assinado pelo prefeito Bruno Covas com a Liberty Media”, disse Doria na abertura da entrevista. “É uma grande vitória para a cidade de São Paulo e para o Brasil.”

Durante o anúncio, ele fez referências indiretas à concorrência do Rio de Janeiro para receber a prova a partir do próximo ano e ao seu rival político Jair Bolsonaro (sem partido).

No ano passado, o presidente da República assinou um termo de cooperação para levar o evento para o Rio e chegou a dizer, em junho, que o GP tinha “99% de chance” de ir para a capital fluminense.

“Os entendimentos foram feitos com base na existência de um autódromo aprovado pelos pilotos e pelas equipes e que há mais de 30 anos é a sede do Brasil para a Fórmula 1”, afirmou o governador paulista.

“Aqui não fizemos especulação, projeções artificiais, não prometemos investimentos que não poderiam ser feitos e, agora, a Liberty Media anunciou oficialmente que São Paulo continuará sendo a sede do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1”, completou, ignorando o novo nome posteriormente anunciado por Covas.

A empresa americana Liberty Media é proprietária da FOM, (Formula One Management), braço comercial da categoria. Procurada pela reportagem, a organização ainda não se manifestou sobre a extensão do acordo com São Paulo.

Na terça, ao apresentar o calendário provisório da temporada 2021, a F-1 incluiu o GP brasileiro em Interlagos com um aviso de “sujeito a contrato”. A corrida está prevista para o fim de semana de 12 a 14 de novembro.

A prova não estava garantida até então porque o vínculo entre e a FOM e a Interpub, empresa que organiza o evento em Interlagos desde 1990, chegaria ao fim neste ano.

Desde 2018, o prefeito Bruno Covas, candidato à reeleição e líder nas pesquisas de intenção de voto, e o governador João Doria, ambos do PSDB, negociavam a extensão do vínculo, mas encontraram dificuldades, ampliadas pela concorrência do Rio de Janeiro.

Chase Carey, chefe da FOM, não abria mão de receber a taxa de promotor, algo em torno de US$ 30 milhões (R$ 162 milhões).

São Paulo, assim como Mônaco, estava isenta de recolher essa verba de acordo com o contrato assinado em 2014, quando Bernie Ecclestone dava as cartas na categoria. Em 2016, Ecclestone vendeu a FOM para a Liberty Media.

Até agora não foram anunciados os termos comerciais e os valores do novo acordo, que poderá ser renovado por mais cinco anos. Segundo Covas, o contrato ainda está sendo analisado pelo jurídico das partes e será assinado até o começo de dezembro.

“No ano passado o GP trouxe um impacto de R$ 670 milhões. Só de tributos tivemos um ganho direto de R$ 111 milhões, e 8.500 empregos foram criados em 2019”, afirmou.

O empresário JR Pereira, à frente da empresa Rio Motorsports, chegou a dizer em entrevista ao jornal O Globo que, ao contrário da articulação paulista, não teria problemas em realizar o pagamento da taxa de promotor.

Procurada nesta quinta, a empresa não quis se manifestar sobre o anúncio de Doria. “A Rio Motorsports informa que segue com os trâmites para o processo de implantação do autódromo do Rio de Janeiro”, afirmou em nota.

A empresa teve conversas avançadas com a FOM para levar a corrida para o Rio de Janeiro a partir do próximo ano, mas não conseguiu até agora aval do Instituto Estadual do Ambiente para começar a construir um autódromo em Deodoro, sobre a floresta de Camboatá, área de mata atlântica na zona oeste da cidade.

O relatório sobre o impacto da obra, elaborado por uma empresa contratada pela própria Rio Motorsports, diz que a edificação, se e quando liberada, deverá durar 23 meses.

A Rio Motorsports venceu, como única interessada, o processo licitatório feito pela Prefeitura do Rio em maio do ano passado. A empresa prometeu gastar com recursos privados R$ 697 milhões com as obras e terá direito de explorar o local por 35 anos.

No dia 14 de setembro, Chase Carey enviou uma carta para o governador interino do Rio, Cláudio Castro, na qual disse que havia um acordo com a Rio Motorsports para promover, sediar e organizar a F-1 no Rio e que o contrato seria firmado somente depois de aprovações das licenças ambientais.

Essa informação foi revelada pelo site Diário Motorsport no início de outubro.

A reportagem teve acesso a uma correspondência do dia 30 de outubro, assinada por Castro e endereçada a Carey e a JR Pereira. Nela, o governador fluminense reiterava o interesse pela realização da corrida, inclusive em 2021.

“É praticamente 99% a chance de termos a F-1 a partir de 2021 no Rio”, afirmou Jair Bolsonaro, após encontro com Carey, em junho do ano passado. Numa disputa política com Doria, o presidente da República havia sido um dos principais incentivadores da transferência do GP para Deodoro.

Desde o início, a proposta do Rio de Janeiro foi alvo de pressão de grupos ambientalistas. Recentemente, o hexacampeão Lewis Hamilton se disse contrário à derrubada de árvores para construir um autódromo.

Com tantos empecilhos para uma mudança de sede no país, a F-1 reviu sua preferência, se voltou novamente à negociação com São Paulo e optou por manter a corrida em Interlagos.

“Eu nunca tive dúvida de que o GP Brasil de Fórmula 1 permaneceria em São Paulo e disse isso diversas vezes. Interlagos tem uma longa história. Esse know-how de quatro décadas é o que o evento em São Paulo apresenta de mais valioso”, afirmou o promotor Tamas Rohonyi, dono da Interpub.

Nesta semana, a Globo, que não havia renovado o acordo pelos direitos de transmissão das provas (ele se encerra ao final deste ano), voltou à mesa de negociações.

“A Globo retomou as conversas com a FOM/Liberty Media sobre os direitos da Fórmula 1, sempre considerando a nova realidade mundial dos direitos esportivos”, disse em nota a emissora carioca.

Com a desistência inicial da Globo, os direitos de exibição haviam sido adquiridos justamente pela Rio Motorsports, que tentava repassá-los para alguma emissora. Nesta quarta, porém, a empresa comunicou que abriu mão dessa intermediação.

“A decisão foi tomada devido às incertezas com o calendário para a temporada 2021, provocadas pela segunda onda de contagio por Covid-19 na Europa. Diante do cenário, somado ao fato da possibilidade dessa nova onda se expandir para outros continentes, a Rio Motorsports reavaliou esse investimento e abriu espaço para que a Fórmula 1 possa negociar diretamente com as empresas de televisão no Brasil”, divulgou a empresa.

CALENDÁRIO PROVISÓRIO DA F-1 EM 2021

21 de março, Austrália (Melbourne)

28 de março, Bahrein (Sakhir)

11 de abril, China (Xangai)

25 de abril, a ser confirmado

9 de maio, Espanha (Barcelona)*

23 de maio (Monaco)

6 de junho, Azerbaijão (Baku)

13 de junho, Canadá (Montreal)

27 de junho, França (Le Castellet)

4 de julho, Áustria (Spielberg)

18 de julho, Reino Unido (Silverstone)

1º de agosto, Hungria (Budapeste)

29 de agosto, Bélgica (Spa)

5 de setembro, Holanda (Zandvoort)

12 de setembro, Itália (Monza)

26 de setembro, Rússia (Sochi)

3 de outubro, Singapura

10 de outubro, Japão (Suzuka)

24 de outubro, Estados Unidos (Austin)

31 de Outubro, México (Cidade do México)

14 de novembro, Brasil (São Paulo)*

28 de novembro, Arábia Saudita (Jidá)

5 de dezembro, Emirados Árabes Unidos (Abu Dhabi)

*Sujeito a contrato

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