Intervalo menor entre vacinas da Pfizer só depende de entrega de novas doses, diz governo

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, disse nesta segunda-feira (26) que a decisão de reduzir o i..

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, disse nesta segunda-feira (26) que a decisão de reduzir o intervalo recomendado da aplicação da segunda dose da Pfizer já é dada como certa e que a pasta avalia apenas qual o momento de orientar a mudança. Com a medida, o intervalo deve passar de cerca de três meses para 21 dias.

“Estamos só estudando para ver qual o melhor ‘timing’ disso, mas que vai diminuir, vai”, afirmou Cruz. Segundo ele, a pasta deve ouvir agora a Pfizer e representantes de secretários de saúde para decidir em que data isso deve ocorrer.

“Vamos conversar com o laboratório para ver qual o cenário do próximo mês de entrega das doses. Além da questão da epidemia, precisamos verificar o cenário de abastecimento”, disse.

Mais tarde nesta terça, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, confirmou a intenção de reduzir o intervalo entre as doses da Pfizer, conforme havia adiantado à coluna Mônica Bergamo. O ministro afirmou que inicialmente optou-se por um intervalo mais espaçado, pois havia o desejo de ampliar a aplicação da primeira dose.

Com o maior número de doses da Pfizer chegando ao país, foi então possível reduzir esse intervalo para 21 dias, o que está estabelecido na bula da imunização.

Por outro lado, o ministro disse que ainda não é possível reduzir o intervalo da vacina AstraZeneca, atualmente em 90 dias, porque não há “segurança de evidência científica” de que trará maior eficácia no programa de vacinação.

Queiroga também afirmou que o ministério começou a trabalhar com a hipótese de reforço de doses.

“Já estamos trabalhando com a possibilidade de um reforço, mas ainda não temos quais as evidências científicas de como deve ser feito esse reforço, por isso que eu não me adianto. Mas estamos trabalhando com pesquisas para trazermos essas respostas para a sociedade brasileira”, afirmou.

O ministro também disse que “logo, logo”, o brasileiro não vai mais precisar usar máscaras.

“À medida que o número de óbitos diminui e a gente avança na campanha de vacinação, logo, logo não precisaremos mais de máscara”, disse.

Segundo Cruz, enquanto não for feita a mudança, a recomendação da câmara técnica que assessora o Programa Nacional de Imunizações é de avançar na imunização com a primeira dose.

O prazo de 21 dias de intervalo entre as doses da Pfizer corresponde ao previsto em bula. O ministério, no entanto, decidiu ampliar esse prazo em maio na tentativa de acelerar a vacinação. A medida seguiu experiência adotada também em outros países.

“A câmara técnica já sinalizou que é interessante avançar em imunização em primeira dose, e só então, quando tiver um cenário mais tranquilo de imunizados com a primeira, reduzir o prazo para completar a imunização. Em termos de pandemia, se mostrou interessante imunizar um maior número de pessoas com a primeira dose, porque com isso diminuiria a transmissibilidade do vírus.”

“Vamos conversar então com o laboratório, com Conass e Conasems, e quando tivermos uma garantia e um cenário um pouco mais claro do cumprimento de doses do mês de agosto vamos informar a decisão”, completou.

Segundo ele, a previsão da pasta é que haja cerca de 63 milhões de doses disponíveis de vacinas em agosto -destas, 33 milhões seriam da Pfizer, 20 milhões da Coronavac e 10 milhões da AstraZeneca/Fiocruz.

Mais cedo, a secretária de enfrentamento à Covid, Rosana Leite de Melo, afirmou que a previsão é que uma decisão seja tomada no próximo mês.

“Hoje o que nos preocupa é a variante delta. Já temos mais de 98 países na qual ela se encontra, e estudos mostram que qualquer vacina protege contra as formas graves da Covid. Então o norteador nosso é vacinar o máximo possível com a D1 consta em bula”, diz.

Ao comentar sobre a preocupação em relação à variante delta, Melo afirmou ainda que a pasta deve disponibilizar doses extras de vacinas para cidades que ficam nas “faixas de fronteira”, ou seja, próximas a outros países, mas não na divisa direta.

Recentemente, segundo a pasta, já foram enviadas doses para 120 municípios que ficam na fronteira propriamente dita.

“Por que definimos vacinar linha de fronteira e faixa de fronteira? Por conta das variantes, para poder formar um cinturão”, disse Melo. Segundo ela, a pasta também avalia a possibilidade de enviar doses extras para locais com maior número de casos já identificados da delta.

O ministro Queiroga também disse nesta terça que o ministério promoveu uma alteração em relação à vacinação para gestantes, para permitir que aquelas que foram imunizadas com a AstraZeneca na primeira dose possam receber a segunda dose da Pfizer.

“Hoje mesmo, no Ministério da Saúde, nós fizemos uma pequena alteração em relação à vacina da gestante, para permitir que aquelas gestantes que usaram a AstraZeneca possam fazer a aplicação da segunda dose com a da Pfizer. Essa decisão foi tomada com o suporte da Câmara técnica de especialistas que apoia o PNI”, disse.

A medida foi antecipada na sexta-feira (23) pelo jornal Folha de S.Paulo.

O encontro do ministro com o presidente Bolsonaro se deu para tratar da sanção do projeto que permite o uso de fábricas de vacinas para animais para a produção de imunizações para humanos. A proposta foi sancionada no dia 16 deste mês, mas não houve cerimônia, segundo o ministro, por causa da internação do presidente da República.

Houve apenas um veto, que oferecia isenção tributária para essas fábricas.

Queiroga afirmou que será possível até o fim do ano que essas fábricas já sejam utilizadas para o envase de vacinas contra a Covid-19 – que é a transferência dos graneis para as ampolas. Ele levantou como possibilidade a produção da AstraZeneca nesses locais.

Também presente na reunião, o senador Wellington Fagundes (PL-MT), disse que em até 90 dias será possível que esses parques de produção possam produzir até 400 milhões de doses.

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