Agronegócio
Irradiação pode ser usada em alimentos no Brasil como opção para evitar desperdícios

Irradiação pode ser usada em alimentos no Brasil como opção para evitar desperdícios

Destruir microrganismos causadores de doenças, prolongar o prazo de validade dos produtos, retardar o amadurecimento e b..

Mapa - domingo, 11 de abril de 2021 - 11:00

Destruir microrganismos causadores de doenças, prolongar o prazo de validade dos produtos, retardar o amadurecimento e brotação, esterilizar alimentos, tudo com segurança e sem o uso de produtos químicos. Essas são algumas vantagens do uso de irradiação na agricultura e pecuária. A implementação dessa tecnologia no Brasil foi debatida em evento online nesta quinta-feira (8), realizado pela empresa pública Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul), vinculada à Marinha do Brasil.

O assessor da Secretaria Executiva do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), Luiz Eduardo Rangel, participou do evento e destacou que a agropecuária brasileira, considerada uma das mais tecnológicas do mundo, discute estratégias para produção a partir dessa tecnologia, ainda pouco utilizada no país.

“O Brasil é muito bem visto internacionalmente pela qualidade de seus produtos e com a técnica da irradiação temos a oportunidade de galgar esses mercados com maior competitividade, sustentabilidade baseado em políticas públicas”, disse. Hoje, o Brasil é o terceiro maior produtor de frutas, mas apenas o 23º maior exportador, desempenho que pode crescer com o uso da irradiação.

Rangel destaca a irradiação de alimentos como uma importante aliada para a redução de perdas de produtos. Atualmente, o desperdício de alimentos no mundo é estimado em 30% do que é produzido, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Apenas ¼ do que Estados Unidos e Europa descartam seria suficiente para alimentar as 800 milhões de pessoas que ainda passam fome no mundo.

Ele lembrou que ainda há muito desconhecimento sobre a tecnologia, o que muitas vezes gera preconceito. Por isso, uma das ações do governo federal é traçar estratégias para melhor comunicar aos brasileiros sobre as vantagens do uso da tecnologia.

“A ampliação da viabilidade de uma tecnologia já comprovada pela ciência é fundamental, não existem empecilhos legais para o uso da técnica no Brasil, sendo um assunto pacificado ao redor do mundo. É preciso, agora, comunicar de forma estratégica essa solução para a sociedade”, declarou.

O Mapa também persegue um plano de negócios para oferecer ao mercado ações como o  levantamento sobre o mercado internacional de produtos irradiados, planos de marketing e divulgação da tecnologia do irradiador multipropósito, fatores a serem considerados para a instalação e funcionamento sustentável e viabilidade do negócio com utilização prioritária em produtos agropecuários, em especial frutas e hortaliças.

Para avaliar o uso de irradiadores multipropósitos no Brasil para fomento dessa tecnologia em produtos agropecuários foi instituído um Grupo de Trabalho Técnico, conforme Portaria  nº 66, publicada em 6 de abril.

Pesquisa

A eficiência da utilização da irradiação em alimentos é comprovada pela Embrapa, que iniciou as pesquisas com a tecnologia na década de 1980. O uso de radiação ionizante é ainda uma opção com menor impacto ambiental, já que não deixa resíduos.

Segundo dados da FAO, os alimentos irradiados mantêm suas propriedades nutricionais e organolépticas, além de não apresentarem qualquer risco toxicológico, radiológico ou microbiológico para o consumo humano.

Estados Unidos, China, índia, Japão, Reino Unido, Argentina, Chile, Peru e parte da União Europeia utilizam a irradiação em especiarias, tubérculos, grãos, frutas, carne suína, frango, pescado, frutos do mar, ervas medicinais. Mais de 60 países comercializam produtos com o uso de irradiação.

A Amazul deverá desenvolver projeto de engenharia e realizar o dimensionamento dos equipamentos, o licenciamento radiológico e a contratação da empresa responsável pela construção, montagem e comissionamento dos equipamentos, bem como a fiscalização do empreendimento, até a entrega final ao usuário final. O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), órgão ligado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), responsável pela introdução da tecnologia no país, dará o apoio técnico ao projeto.

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