Isto é árabe para mim

Eloi Zanetti, escritor e publicitário, escreve para o Paraná Portal falando de sua experiência com livros e a língua árabe. Divertido.

O publicitário e escritor, Eloi Zanetti, é um estudioso de tudo. Cidadão do mundo, agora enraizado na Serra da Mantiqueira onde se debruça em livros, oxigena a alma e deixa fluir, junto à natureza, seus brilhantes textos. Hoje nos brinda e brinca com a língua árabe. 

 

ISTO É ÁRABE PARA MIM

Por Eloi Zanetti 

Contamos em números arábicos, as redes sociais são regidas por algoritmos, nosso dinheiro é somado em cifras, o professor nos ensina álgebra; gostamos de escutar bandolins; adoramos quibe, esfiha, tabule, arroz, coalhada, almôndega e babaganouche; colocamos açúcar e azeite em tudo; usamos álcool e talco em nossos corpos; tiramos alvarás; passamos pela alfândega; descansamos em almofadas e vivemos em aldeias. São milhares as palavras árabes usadas na língua portuguesa. A todo momento falamos alguma e não nos damos conta disso. 

Estou me deliciando com as sonoridades e a beleza dos vocábulos vertidos para o português pelo senhor YoussefH. Mousmar no seu Dicionário Português/Árabe  edição do autor. E ele, quando veio ao Brasil em 1969, não sabia uma palavra do nosso idioma. 

Gosto de estudar a origem das palavras e anoto-a quando encontro alguma do meu agrado, principalmente nos textos do arabista inglês Richard Burton, dos patrícios Malba Tahan, Jamil Ibrahim Iskandar, Mamede Mustafa Jarouche e do escritor de origem marroquina Tahir Shah. Agora, com o dicionário do Youssef, posso estudá-las e namorá-las com mais deleite. 

Eu não sabia porque o mundo árabe tanto me instigava, tenho vários livros sobre este assunto, alguns na minha cabeceira há vários anos, como A Casa da Sabedoria de Jonathan Lyons da Zahar Editora. Só quando fiz o estudo das minhas origens por meio do DNA é que descobri uma forte influência de antepassados na Argélia, Egito e Arábia Saudita em uma proporção de 15% – não é à toa que meus amigos de colégio se referiam ao meu pai como “aquele turcão”. Ele era descendente de suecos e italianos e nem sabia que em seu sangue corria origens levantinas.

O senhor Mousmar a quem conheci por meio de seu filho Hassan me impressionou pela cultura e experiência de vida – é tradutor juramentado e trabalhou nas linhas de frente das negociações e documentação dos contratos entre as empreiteiras brasileiras e vários governos árabes. Como bom patrício passou por Foz do Iguaçu e voltou a Curitiba para se dedicar ao que mais gosta – escrever e transmitir a cultura árabe com kifáiat/faáliat , isto é, com eficiência.

 

www.arabeportugues.com.br