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Lindbergh Farias pede formalmente exoneração de Campos Neto do BC

Lindbergh Farias pede formalmente exoneração de Campos Neto do BC

Deputado do PT, presidente da Frente Parlamentar Contra os Juros Abusivos, avalia que o desempenho de Campos Neto é “insuficiente” para os objetivos do BC

Victoria Azevedo - Folhapress - quinta-feira, 22 de junho de 2023 - 18:15

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) enviou um ofício aos membros do CMN (Conselho Monetário Nacional), que define as metas de inflação, pedindo a exoneração do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, após a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de manter a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano.

Na avaliação do deputado, que preside a Frente Parlamentar Contra os Juros Abusivos, o desempenho de Campos Neto é “insuficiente” para alcançar os objetivos da instituição.

“Assim, solicito que suas excelências avaliem a possibilidade de mandar ao Senado Federal um pedido de exoneração do Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto”, diz Lindbergh no ofício enviado ao CMN nesta quinta-feira (22).

“O Senado Federal aprovou a indicação de Roberto Campos Neto para a presidência do Banco Central. O Senado agora precisa assumir sua responsabilidade e agir para afastá-lo”, diz o texto.

O colegiado é formado pelos ministros da Fazenda (Fernando Haddad) e do Planejamento e Orçamento (Simone Tebet), além do próprio Campos Neto.

Lindbergh diz ainda ser inaceitável a decisão de manter a taxa em 13,75% e que tanto Campos Neto quanto o BC não estão atuando de forma técnica mas “agindo politicamente para travar a economia brasileira e sabotar o governo do presidente Lula”.

Segundo a lei complementar que define os objetivos do BC, publicada em fevereiro de 2021, o presidente e diretores da instituição financeira poderão ser exonerados pelo presidente da República “quando apresentarem comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do Banco Central do Brasil.”

Nesta quarta-feira (21), o Copom voltou a ignorar a pressão do governo Lula (PT) e de empresários pela redução dos juros e manteve a taxa básica (Selic) em 13,75%.

Como a Folha mostrou, a equipe econômica do Planalto reagiu mal à decisão e interpretou o comunicado como um “boicote” ao governo Lula.

Havia uma expectativa de que o Banco Central adotasse uma mensagem mais suave no documento, abrindo a porta para uma possível flexibilização da política monetária já no mês de agosto —o que foi frustrado pelo texto divulgado pela autoridade monetária.

No ofício desta quinta, Lindbergh diz que o comunicado do BC é um “acinte com a sociedade brasileira” e que ele vem na “contramão” de uma expectativa que vinha sendo gerada.

“Dada a intransigência de Campos Neto em reduzir a taxa básica de juros, é urgente que se tome uma decisão enérgica. Não podemos mais ‘ter paciência’ com um presidente do Banco Central que está comprometendo de forma direta o futuro do país”, diz Lindbergh.

“Nos parece que pedir a exoneração de Campos Neto seja o único caminho possível para que se possa baixar os juros e colocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento com justiça social”, finaliza o deputado.

Após a decisão do Copom, na quarta (21), o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou à Folha que discorda da medida e reclamou que “nem aceno teve” para um corte de juros. “Não falei com ninguém [do governo] sobre isso, mas não deve ter gostado. Aliás, não o governo, acho que o Brasil não gostou”, disse.

Mais cedo durante a sessão do Senado, Wagner afirmou no plenário aos parlamentares que “não há nenhuma pretensão do governo de retirar o presidente do Banco Central”.

“O presidente da República do nosso governo respeita a legislação vigente. Já existe a legislação da autonomia, tanto faz se concordo ou não, a lei está aí e será respeitada”, disse.

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