Pedro Ribeiro

Lula corre atrás de prejuízos. Derrotas no Congresso Nacional, risco da MP sobre Ministérios, recepção ao presidente venezuelano Nicolás Maduro e os recados do presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira, são fortes indícios de que o presidente precisa rever conceitos e atitudes para governar.

Nesta segunda-feira, 29, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mandou um duro recado ao Palácio do Planalto: quer a demissão do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB). Lira ficou furioso com um tuíte do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que é seu adversário político e pai do ministro. Na postagem, Calheiros escreveu que Lira é “caloteiro”, “desvia dinheiro público” e “bate em mulher”. A informação é da jornalista Vera Rosa, do Estadão.

“Enquanto Renan Filho não sair, a vida do governo na Câmara ficará ainda mais difícil. Em público, porém, Lira nega a ameaça. Não pedi a cabeça de ninguém, mas quero respeito”, afirmou. “O problema do senador é psiquiátrico. Para ele, será mais um processo na Justiça, e mais uma condenação.” As acusações de violência doméstica contra Lira foram rejeitadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Nesta quarta-feira, 31, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião de emergência no Palácio da Alvorada, para discutir com seus principais auxiliares a crise em torno da Medida Provisória (MP) da reestruturação dos ministérios. O governo identificou risco real de o texto, que vence nesta quinta-feira, dia 1º, não ser votado no Congresso. A consequência seria a formatação da Esplanada de Jair Bolsonaro.

Pela MP, 17 ministérios deixarão de existir e figuras centrais para a eleição de Lula, como a ministra do Planejamento, Simone Tebet, ficarão sem cargo do dia para a noite. Compromissos de campanha como a criação do Ministério dos Povos Indígenas seriam desfeitos, e a pasta que cuida do Bolsa Família, a do Desenvolvimento Social, seria extinta.

Segundo jornal Estadão, Lula quer um esforço de guerra para votar o texto nesta quarta-feira, 31, com todo o governo mobilizado. Até mesmo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que mantém boa relação com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que tem base na Casa. Nesta terça, Lira adiou a votação da MP da reestruturação após ver risco de derrota do texto. (Com Estadão).