Melatonina e vitamina D: tudo o que você precisa saber

Eles são reguladores do sono e têm função vital para o nosso corpo. Entenda como são produzidos, seus benefícios, em quais situações são recomendados e por que é fundamental contar com orientação médica

Mais de 73 milhões de pessoas convivem com a insônia no Brasil de acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS). O sono insuficiente afeta a saúde e pode provocar ou agravar problemas como obesidade, hipertensão arterial, doenças cardíacas e depressão.

Estudos têm demonstrado cada vez mais a relação entre a vitamina D e uma boa noite de sono, pois essa vitamina está envolvida em processos do equilíbrio sistêmico do sistema imunológico, cardiovascular, metabólico e musculoesquelético, além de estimular a produção de cálcio e fósforo para o organismo – o que, por tabela, incentiva o bom funcionamento de ossos, intestino e rins. 

A insuficiência dessa substância altera a liberação da melatonina, outro regulador do sono que começa a ser produzido assim que anoitece. O resultado são noites mal dormidas, incômodo, mau humor, organismo desregulado, cansaço, falta de ânimo e aparecimento de outras doenças associadas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia, a ausência ou redução da melatonina pode desencadear problemas como intolerância à glicose e distúrbios metabólicos, além de poder ser um fator que contribui para a obesidade, já que a melatonina auxilia no equilíbrio energético do corpo ao favorecer o gasto de energia.

 

Muito além do sono

A vitamina D pode ser encontrada em peixes gordurosos, por exemplo, mas é fabricada principalmente após a exposição da pele ao sol. A médica cooperada da Unimed Curitiba especialista em dermatologia e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional PR, Paula Xavier da Silva Schiavon, afirma que tomar sol por pelo menos 20 minutos diários ajuda a ter níveis satisfatórios da vitamina e evitar alguns problemas de saúde decorrentes da sua falta. “A deficiência severa está associada a quadros de raquitismo e osteoporose, além de prejuízos na função imunológica”, explica a especialista. 

Já a melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal quando não há luz e tem como principal função regular o sono. Ela explica que, além de dar sono, a melatonina estimula outras reações ligadas à hora de dormir, como a produção de glicose no fígado e de insulina no pâncreas auxiliando, assim, na prevenção da diabetes. O hormônio impacta também na saúde hormonal, no ciclo menstrual nas mulheres e na fertilidade. 

A melatonina mantém o ritmo circadiano e, por esse motivo, é tão importante tê-la em bom funcionamento. Se a sua rotina de atividades estiver desalinhada, picos de cortisol são liberados em horários errados prejudicando o sono e a sua qualidade de vida.

 

Cuidado com a suplementação!

A suplementação de vitamina D ou melatonina podem ser necessárias em muitos casos, mas isso deve ser avaliado individualmente. O excesso de melatonina, por exemplo, pode gerar efeitos colaterais desagradáveisDe acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a suplementação inadequada da substância pode trazer malefícios como irritabilidade, dores de cabeça, tonturas e náuseas.

O diretor da Unimed Laboratório e médico cooperado especialista em endocrinologia, Mauro Scharf, alerta para a dosagem aleatória de vitamina D na população. “A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) considera aceitáveis valores a partir de 20ng/ml e recomenda a dosagem extra do hormônio apenas para a população de risco, como idosos, gestantes, pacientes portadores de osteomalácia, com hiperparatireoidismo secundário, raquitismos, osteoporose, doenças inflamatórias, doenças autoimunes, pacientes renais crônicos e pré-bariátricos”, explica.

O consumo da substância sem prescrição médica pode ser ineficiente e trazer riscos à saúde. Uma dosagem alta da substância – acima de 100ng/ml, por exemplo – pode causar risco de hipercalcemia e intoxicação. “Em hipótese alguma ingira vitamina D sem o acompanhamento de um profissional da saúde. O excesso pode gerar toxicidade e até mesmo danos hepáticos graves”, alerta o endocrinologista.