Economia
Milionários de 13 países pedem para pagar mais impostos

Milionários de 13 países pedem para pagar mais impostos

Carta assinada por donos de grandes fortunas é um apelo aos líderes mundiais para a criação de um imposto para os mais ricos; nenhum brasileiro assinou o documento.

Narley Resende - quarta-feira, 18 de janeiro de 2023 - 08:44

Mais de 200 milionários pedem nesta quarta-feira (18), em carta dirigida aos líderes mundiais transmitida pela Oxfam France e por ocasião do Fórum Econômico de Davos, que sejam mais tributados “para o nosso bem comum”. Nenhum brasileiro assinou o documento.

Na foto que acompanha a carta, intitulada “Custos da riqueza extrema”, estão as imagens dos presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, além dos primeiros ministros do Japão, Fumio Kishida, e do Reino Unido, Rishi Sunak. A foto do bilionário Elon Musk, CEO do Twitter e criador da Tesla, aparece abaixo da imagem dos líderes mundiais.

Esta carta, assinada por donos de grandes fortunas de 13 países diferentes, é um apelo aos líderes mundiais para a criação de um imposto para os mais ricos. Nos últimos 10 anos, segundo a Oxfam, os mais ricos do mundo viram o seu património aumentar 50%. 

“Tributem os ultrarricos e façam isso agora. É economia simples e de bom senso”, escrevem, referindo-se a “um investimento para o nosso bem comum e um futuro melhor”. “Como milionários, queremos fazer esse investimento.”

“A história das últimas cinco décadas é uma história de riqueza fluindo para lugar nenhum, exceto para cima. Nos últimos anos, essa tendência se acelerou muito. Nos primeiros dois anos da pandemia, os 10 homens mais ricos do mundo dobraram sua riqueza, enquanto 99% das pessoas viram sua renda cair. Bilionários e milionários viram sua riqueza crescer em trilhões de dólares, enquanto o custo de uma vida simples agora está paralisando famílias comuns em todo o mundo”, sinalizam. 

“A solução é simples para todos verem. Vocês, nossos representantes globais, devem nos taxar, os ultrarricos, e devem começar agora”, apontam.

Entre os assinantes, estão representantes das famílias Disney, Kennedy, Saphra e o ator americano Mark Ruffalo. A maioria dos signatários é dos Estados Unidos e Reino Unido, mas há também canadenses, holandeses, franceses, italianos e suecos.  

Concentração de riquezas 

No primeiro dia do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, na segunda-feira (16), a Oxfam publicou seu relatório sobre as desigualdades no mundo. Há uma década, a ONG aproveita a reunião anual das elites econômicas e políticas internacionais para chamar a atenção sobre a concentração de riqueza nas mãos de uma minoria. A principal constatação do estudo é a aceleração das desigualdades e da extrema pobreza, que voltou a aumentar pela primeira vez, em 25 anos

De acordo com a Oxfam – uma associação de 19 organizações não-governamentais e mais de 3.000 parceiros, em 90 países – os mais ricos enriqueceram ainda mais graças à intervenção pública para combater o coronavírus e às centenas de bilhões de dólares que foram investidos. “Isso é chocante e não é porque eles fizeram escolhas estratégicas e econômicas brilhantes. Porém, hoje estamos numa situação em que devemos pagar a conta da crise [sanitária] e seria lógico que eles contribuíssem para pagar esta conta”, afirma Quentin Parrinello, co-autor do relatório.

Ao chamar atenção para as desigualdades, a ONG Oxfam faz campanha para reduzir pela metade o número de bilionários no mundo, até 2030, graças à tributação. “Cada bilionário representa uma falha de política pública”, afirmou a Oxfam na abertura do Fórum de Davos.

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