Janaina Chiaradia
(Foto: divulgação)

In Loco: transmitindo informações e compartilhando experiências.

Da série: pare, olhe, invista!

 

Do escritor do instituto PMIF Hildebrando Matheus…

Mais uma da série, que vem causando impacto na sociedade, e que, veio da troca de conversas com o profissional na área financeira, Hildebrando Matheus e seus convidados… cada qual na sua área de atuação e com seus estudos… auxiliando a sociedade na arte de saber investir.

Vamos aos diálogos da semana:

 

Minimalismo: A Evolução da Espécie.

 

Está claro que o verdadeiro problema de nossa nação é mais profundo que dutos de gasolina, ou falta de energia, mais profundo ainda que a inflação e a recessão. Em uma nação que se orgulhava do trabalho duro, famílias fortes e comunidades unidas, muitos de nós agora tendem a venerar o comodismo e o consumismo. A identidade de uma pessoa não é mais definida pelo que ela faz, mas pelo que ela possui. Mas descobrimos que possuir coisas e consumir coisas não satisfaz o nosso desejo de propósito. Aprendemos que acumular bens materiais não é capaz de preencher o vazio de vidas desprovidas de fé ou propósito. Isso não é uma mensagem de felicidade ou reafirmação, mas é a verdade, e é um aviso. Em seu discurso intitulado Crise de Confiança de 1979, o presidente americano Jimmy Carter tentou mostrar a nação americana aquela noite  em suas próprias palavras que (…) “Podemos ver essa crise na crescente dúvida sobre o significado de nossas próprias vidas e na perda de uma unidade de propósito para nossa nação.” O discurso de Carter realizado há 40 anos se mostra mais recente em todas as esferas da sociedade e em praticamente todas as nações que compõem o globo.

Todo final de novembro e início de janeiro grandes lojas realizam as mais tentadoras promoções, e durante todo o dia vemos em nossos grupos de amigos das redes sociais ou nos telejornais as longas filas e brigas para conseguir os mais variados produtos. Na década de 90 o mundo todo entrou em uma grande era de consumismo, e nisso falamos de roupas, eletrodomésticos, carros, eletroeletrônicos, e muito disso tem ligação direta com o barateamento dos produtos oriundos da China. Podemos citar também que a tecnologia nos ajuda a comprar mais rápido e na comodidade de um simples clique, o que nos ajuda a acumular um monte de coisas que simplesmente compramos por impulso ou por status.

Certamente você que está lendo esse artigo deve estar pensando em algumas coisas que já comprou por impulso e depois de alguns dias se arrependeu da tão desejada compra, cito dias para não falar em horas depois, se não aconteceu com você, acredito que já conheceu alguém que realizou essa façanha. Realmente a onda de consumismo sem precedentes varre a face da Terra de forma nunca vista antes. Quer um número? Em 2018 uma pesquisa realizada pelo Bank My Cell mostrou que na época o mundo possuía exatos 8,606,319,967 aparelhos celulares ante uma população de 7,634,738,500. Quase um bilhão de celulares a mais que pessoas.

Você deve estar se perguntando até onde isso poderá nos levar se continuarmos a consumir cada vez mais, gastando cada vez mais, poluindo cada vez mais… 

Porém devemos nos lembrar de que a humanidade desfruta de vários estilos de vida ao longo da sua evolução e isso geralmente tem salvado a espécie de cair em meio ao caos. O minimalismo vem do princípio de reduzir ao mínimo o emprego de elementos ou recursos. O termo pode parecer algo novo, mas a expressão “Minimalismo” (do inglês, “Minimal Art”) faz referência aos movimentos estéticos, científicos e culturais que surgiram em Nova York, entre o fim dos anos de 1950 e início da década de 1960. Esses movimentos primavam pelo mínimo de recursos e elementos utilitários, reduzindo todos seus aspectos ao nível essencial. Não se trata de se desfazer de todos seus bens e viver como Mahatma Gandhi, um monge ou São Francisco de Assis. O minimalismo é um estilo de vida, e como todo estilo de vida é necessário uma “purificação” uma avaliação da vida em que se está vivendo agora e estabelecer o que realmente é importante em sua nova jornada. Ter o equilíbrio, o suficiente, é isso que você procura. Não se trata de não consumir, mas sim de ter um estilo de vida de forma consciente.

O movimento estimula a viver com o mínimo que cada um estabelece como importante para si, e que cada uma dessas coisas tenham um propósito. A grande questão ao escolher cada coisa é: Isso adiciona algum valor a minha vida? Em caso negativo, precisa estar disposto a se desfazer, é o fato de viver mais livre com menos, lembrando que não se trata de tentar converter ninguém. O minimalismo tenta mostrar uma receita e ver se há ingredientes valiosos para outras pessoas para que elas apliquem esses ingredientes em suas próprias vidas. Citando o palestrante e escritor do movimento pelo mundo Ryan Nicodemus vamos imaginar o seguinte: “Imaginem uma vida com menos. Menos coisas, menos desordem, menos estresse, dívidas e insatisfação. Uma vida com menos distrações. Agora imaginem uma vida com mais. Mais tempo, mais relacionamento com sentido, mais crescimento, contribuição e contentamento.” O motivo do consumo desenfreado está no fato de que você nunca pode ter o suficiente daquilo que você realmente não quer, resumindo, não queremos mais coisas, mais eletrônicos, mais brinquedos, mais carros. Queremos o que eles trarão para nós. Queremos nos sentir completos, satisfeitos, e esse estilo de consumo irracional não estão nos fazendo mais felizes, mas está destruindo nosso habitat, despejando milhões de toneladas de gás carbônico, plásticos e outros componentes que levarão milhares de anos para se decompor que são usados na fabricação de produtos que não precisamos e que jamais nos farão falta.

Como o presidente Carter tentou nos lembrar naquela noite: “Trata-se realmente de um ideal baseado em valores. Desejamos uma sociedade mais justa, igualitária, unida e responsável em relação ao planeta e ao meio ambiente.” As pessoas estão buscando um maior propósito em suas vidas, é mais do que viver para trabalhar, pagar boletos e morrer. O minimalismo nos mostra que há uma forma diferente de se viver e é sobre viver com propósito. Então quando nos relacionamos com outras pessoas, quando compramos algo, e no que usamos nosso tempo, devemos sempre ter em mente: Isso está me adicionando valor? Estou sendo coerente com essa decisão? A mensagem é simples: Pensem em um mundo melhor, livre das armadilhas do mundo caótico ao seu redor. O que estão imaginando é uma vida consciente, não é uma vida perfeita, mas é uma vida mais simples, com a seguinte certeza: Ame as pessoas e use as coisas, porque o oposto nunca dá certo.

 

Maiores Informações: https://www.theminimalists.com/

Minimalism: Live a Meaningful Life (Joshua Fields Millburn, Ryan Nicodemus )

Everything That Remains: A Memoir by the Minimalists (Joshua Fields Millburn)

Um abraço a todos, com um simples desejo:

Até amanhã,

Janaina Chiaradia