Ministro da Justiça determina investigação de fraudes no futebol
A Polícia Federal vai instaurar um inquérito para apurar o escândalo de possível manipulação de resultados em competições esportivas.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou que a Polícia Federal (PF) instaure inquérito para investigar indícios de manipulação de resultados em competições esportivas. O escândalo de possíveis fraudes no futebol brasileiro se tornou público nesta semana.
“Diante de indícios de manipulação de resultados em competições esportivas, com repercussão interestadual e até internacional, estou determinando hoje que seja instaurado Inquérito na Polícia Federal para as investigações legalmente cabíveis”, publicou Flávio Dino.
Denúncia do Ministério Público
O anúncio do ministro da Justiça foi feito um dia após o Ministério Público de Goiás (MP-GO) denunciar à Justiça 16 pessoas por fraudes para manipular resultados de 13 partidas de futebol para favorecer apostas esportivas. Entre os jogos em suspeita, oito ocorreram na Série A do Campeonato Brasileiro de 2022, um pela Série B de 2022 e outros de campeonatos estaduais nesse ano.
A investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Promotoria de Combate ao Crime Organizado ocorre no âmbito da Operação Penalidade Máxima II.
“Trata-se de atuação especializada visando ao aliciamento e cooptação de atletas profissionais para, mediante contraprestação financeira, assegurar a prática de determinados eventos em partidas oficiais de futebol e, com isso, garantir o êxito em elevadas apostas esportivas feitas pelo grupo criminoso em casas do ramo, como www.bet365.com e www.betano.com. O grupo se vale, ainda, de inúmeras contas de terceiros para aumentar seus lucros, ocultar reais beneficiários e registra a atuação de intermediadores para identificar, fornecer e realizar contatos com jogadores dispostos a praticar as corrupções”, apontam os promotores.
Entre os denunciados estão atletas profissionais que atuam em grandes clubes, caso do zagueiro Eduardo Bauermann, afastado pelo Santos na última terça-feira (9) de forma preventiva.
Mais nove pessoas, apostadores e membros da organização criminosa, também foram apontados na denúncia, que “esmiúça 23 fatos criminosos ocorridos durante as partidas, nas quais jogadores se comprometeram a cometer faltas para receber cartões e a cometer pênaltis. A organização criminosa visava apostar nos resultados e eventos induzidos e, desta forma, obter elevados ganhos”.
Diversos atletas também foram citados em uma planilha de apostadores que consta na investigação do MP, incluindo jogadores do Athletico e Coritiba. Eles, entretanto, não são réus e nem foram denunciados pela Justiça.
Campeonato Brasileiro não será interrompido, garante CBF
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) também se pronunciou sobre o escândalo de manipulação de resultados. O presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, enviou ofício à Presidência da República e ao Ministério da Justiça, “solicitando que a Polícia Federal entre no caso, com o objetivo de centralizar todas as informações a respeito dos casos em investigação”.
Em nota de esclarecimento, a CBF afastou, ainda, qualquer possibilidade de interromper o Campeonato Brasileiro 2023 e ressaltou que igualmente é vítima dos possíveis atos criminosos. Até o momento, a entidade não foi informada oficialmente pelas autoridades sobre os fatos.
“A CBF ressalta que, tão logo estejam comprovados os fatos, espera que as sanções cabíveis por parte do STJD sejam tomadas de forma exemplar. Mais uma vez, a entidade reforça que o campeonato não será suspenso, mas defende que a punição de atletas e demais participantes do esquema de fraudes aconteça de forma veemente”, diz a nota da entidade.
