MPF aciona Câmara e pede apuração de fala transfóbica de deputado bolsonarista

O parlamentar gerou polêmica ao discursar com uma peruca loira em plenário; a transfobia foi equiparada ao crime de racismo, e passou a ser tratada como crime hediondo pelo STF em 2019.

O MPF (Ministério Público Federal) acionou a Câmara para que o discurso transfóbico do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) seja apurado. 

Ontem, no Dia Internacional da Mulher, o parlamentar colocou uma peruca loira e disse no plenário que “as mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres. Para vocês terem ideia do perigo que é isso, eles estão querendo colocar a imposição de uma realidade que não é a realidade”.

A procuradora Luciana Loureiro também representou pelo encaminhamento de requerimento à Mesa Diretora da Casa para averiguar “suposta violação ética”.

Luciana Loureiro ressaltou que Nikolas usou o tempo na tribuna para, “a pretexto de discursar sobre o dia internacional da mulher, referir-se de forma desrespeitosa às mulheres em geral e ofensiva às mulheres trans em especial”.

A procuradora representou pela adoção de medidas de responsabilização cível (dano moral coletivo) e/ou criminal contra o parlamentar.

A transfobia foi equiparada ao crime de racismo, e passou a ser tratada como crime hediondo pelo STF em 2019.

O deputado afirmou que não estava apenas defendendo suas próprias convicções, mas o direito de “um pai não querer que um marmanjo de dois metros de altura entre no banheiro da filha sem ser considerado um transfóbico”. O deputado terminou o discurso com uma fala machista, elogiando as mulheres que têm filhos e formam família. Ele foi aplaudido.

Após as falas, ele tirou a peruca e disse, em zombaria, que é gênero fluido.

Pouco antes dele, havia discurssado na tribuna a deputada Erika Hilton, que ao lado da deputada Duda Salabert (PDT-MG), são as primeiras deputadas federais transexuais eleitas na história.

Nikolas Ferreira já responde por transfobia

Desde fevereiro deste ano, o deputado responde por injúria racial após chamar a deputada Duda Salabert (PDT-MG) de “ele”. Duda é uma mulher trans. 

“Ele é homem. É isso o que está na certidão dele, independentemente do que ele acha que é”, afirmou Ferreira em entrevista em dezembro de 2020, quando ambos eram vereadores de Belo Horizonte.