Operação da PF em Cascavel mira o tráfico internacional de drogas

Quadrilha emitia notas fiscais frias e simulava a venda de produtos naturais para dissimular as remessas de drogas despachadas em transportadoras.

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (17) em Cascavel, no Oeste do estado, uma operação contra uma organização criminosa que atuava no tráfico internacional de drogas. Conforme a PF, a quadrilha era especializada em despachar drogas trazidas do Paraguai para diversos estados do país, por meio de transportadoras da cidade.

Cerca de 70 Policiais Federais cumprem 14 mandados judiciais, sendo sete de prisão e outros sete de busca e apreensão, nas cidades de Cascavel e Toledo, no Oeste paranaense, e em um resort de luxo na praia de Porto de Galinhas, em Pernambuco, onde estava hospedado de férias um dos membros da organização criminosa.

Além dos mandados de busca e apreensão e de prisão, a Justiça Federal determinou o sequestro de automóveis, imóveis e contas bancárias dos investigados e de laranjas. As ordens judiciais foram expedidas pela Justiça Federal de Cascavel.

Como funcionava o esquema criminoso

O grupo criminoso utilizava de empresas fictícias em nome de presos para emitir notas fiscais falsas e despachar drogas trazidas do Paraguai, para os estados do Ceará, Espírito Santo, São Paulo e, principalmente, Rio Grande do Sul, com uma grande quantidade de remessas para a cidade gaúcha de Lajeado.

A suspeita é que os criminosos se valiam de um advogado com conhecimento em contabilidade para abertura dessas empresas fictícias. A partir disso eram emitidas notas fiscais de venda de produtos naturais para dissimular a remessa de drogas através de transportadoras de Cascavel.

O esquema ocorria pelo menos desde 2020. A atividade envolvia, além das empresas a criação de logomarcas, uniformes e plotagem de veículos e embalagens para simular a efetiva remessa dos produtos naturais sem chamar atenção das transportadoras.

Segundo a PF, o líder do esquema, que tinha o advogado como seu braço direito nas atividades intelectuais e financeiras, se utilizava de pelo menos quatro empresas de fachada para lavar dinheiro.

Foram identificadas empresas de lavagem de veículos na região central de Cascavel, loja de roupas, além de um autocenter e uma loja de móveis.

As medidas cautelares cumpridas hoje poderão revelar as quantidades efetivas de drogas movimentadas pelo grupo.

Para promover o transporte e o despacho da droga, os líderes do grupo cooptavam preferencialmente mulheres com filhos menores, visando garantir que a soltura em caso de prisão fosse mais rápida, valendo-se dessa circunstância como argumento pela defesa.

Além do tráfico de drogas, o grupo também é suspeito de tentativa de homicídio ocorrida em Matelândia, em fevereiro deste ano. Na ocasião, dois dos investigados planejaram e executaram a ação enquanto outro membro fornecia os endereços atualizados da vítima, a partir de consulta em sistemas oficiais da justiça.

A investigação foi batizada de Operação Lottus, em alusão ao símbolo de uma flor de lótus que era utilizado pelos criminosos como uma espécie de “marca registrada” nos logotipos e uniformes das empresas de fachada criadas pelo grupo, inclusive sendo uma das características que chamou atenção dos investigadores para a semelhança de logotipos em diferentes apreensões de drogas nas transportadoras.

Os envolvidos devem responder pelos crimes de tráfico transnacional de entorpecentes, organização criminosa e lavagem de dinheiro.