Réu confessa ter matado Ana Paula Campestrini e tenta isentar ex-marido da vítima

Segundo Marcos, ele era usuário de cocaína e queria ganhar mais dinheiro. Por isso tentou alcançar o patamar de presidente do clube tentando afastar Wagner.

Marcos Antônio Ramon confessou ter matado Ana Paula Campestrini durante o interrogatório feito nesta sexta-feira (24), no segundo dia do júri popular. 

Ele, que atuava como diretor administrativo do clube Sociedade Morgenau, é acusado de efetuar 14 disparos contra o carro da mulher a mando de Wagner Oganauskas, ex-marido da vítima e ex-presidente do Morgenau. No entanto, Marcos negou que o crime tenha tido ordem de Wagner.

“Eu que matei a Ana Paula, mas não da forma que tá sendo colocado aí”, disse ele no início do interrogatório.

Marcos alegou que cometeu o crime para culpar Wagner. Dessa forma, ele seria o nome para ocupar a presidência do Morgenau.

Segundo Marcos, ele era usuário de cocaína e queria ganhar mais dinheiro. Por isso tentou alcançar o patamar de presidente do clube tentando afastar Wagner.

“A minha projeção para presidente ia ser muito fácil tirando o Wagner do caminho. Tentei com amizade, não consegui. Tentei profissionalmente, não consegui porque o Wagner não dava espaço. Pensei que uma forma que eu consegui seria buscando o que ele teria de errado. Tentei buscar de todas as formas e vi que ele tinha uma briga com a ex-esposa e sabia que ele ia ser culpado. Foi aí que eu articulei para matar a Ana”, explicou.

“Estava morando de favor na casa da minha prima, tinha pressão da minha ex-esposa em relação à pensão da minha filha e precisava dinheiro para droga”, completou. 

Questionado sobre o plano para chegar à presidência do Morgenau, Marcos admitiu que não conseguiu enxergar as consequências.

“Eu estava com a cabeça muito perturbada. Não tinha um racicíonio lógico, estava na base de drogas. Já usava droga há muito tempo”, completou. 

JÚRI POPULAR

O julgamento começou na tarde de ontem e foi suspenso no início da madrugada de hoje, faltando o último interrogatório, de Marcos Antônio Ramon. Ao todo, estão previstas 14 testemunhas para este júri, entre acusação e defesa. Após o fim da etapa de oitivas ocorre a deliberação do júri, que deve acontecer ainda nessa sexta-feira.

O júri é composto por cinco mulheres e dois homens, definidos por sorteio, e o juiz da sessão é Thiago Flôres Carvalho, da Vara Privativa do 1º Tribunal do Júri da Comarca de Curitiba.

Conforme a denúncia proposta pela 1ª Promotoria de Justiça de Crimes Dolosos contra a Vida, com base nas investigações conduzidas pela Polícia Civil, o Ministério Público do Paraná sustenta que a motivação do crime teria sido o fato de o ex-marido não aceitar o novo relacionamento mantido pela vítima, com uma mulher.

Marcos Antônio Ramon teria sido o autor dos disparos que vitimaram Ana Paula Campestrini. Ele teria recebido R$ 38 mil para executá-la, a mando de Wagner Oganauskas, ex-marido da mulher.

Ambos foram denunciados por feminicídio com as qualificadoras de motivo torpe, pagamento de recompensa e impossibilidade de defesa da vítima.

Uma terceira pessoa que, a pedido do responsável pelos tiros, teria apagado do celular conversas mantidas com o mandante do homicídio para induzir os peritos e autoridades judiciais a erro, também foi denunciado.

OS ACUSADOS

Wagner Oganauskas, advogado e ex-presidente do clube Sociedade Morgenau, foi denunciado por homicídio triplamente qualificado pela morte da ex-mulher. Segundo as investigações, ele foi o mandante da execução da vítima.

O outro acusado é Marcos Antônio Ramon, que efetuou os disparos e matou Ana Paula Campestrini. Segundo a acusação, ele teria recebido R$ 38 mil para cometer o crime.

A dupla é acusada de feminicídio com as qualificadoras de motivo torpe, pagamento de recompensa e impossibilidade de defesa da vítima.

O Ministério Público do Paraná sustenta que a motivação do crime teria sido o fato de o ex-marido não aceitar o novo relacionamento mantido pela vítima, conforme a denúncia proposta pela 1ª Promotoria de Justiça de Crimes Dolosos contra a Vida, com base nas investigações conduzidas pela Polícia Civil. 

CASO ANA PAULA CAMPESTRINI

Ana Paula Campestrini, de 39 anos, foi assassinada quando chegava em casa, com vários tiros, após ser seguida por um motociclista, em 22 de junho de 2021. Imagens de câmeras de segurança registraram todo o percurso em que ela foi seguida.

Ela foi morta enquanto esperava o portão do condomínio em que morava, no bairro Santa Cândida, abrir para entrar com o carro. Neste momento, um motociclista estacionou ao seu lado e disparou sucessivas vezes.

A mulher estava sozinha no carro quando foi atingida pelos disparos e não teve qualquer chance de defesa.

Durante as investigações, a Polícia Civil apontou que a vítima foi atraída para uma emboscada, ao ser chamada no clube onde o ex-marido era presidente para fazer a carteirinha e acompanhar os filhos.

Ana Campestrini moveu vários processos na justiça, contra Wagner Oganauskas, para divisão de bens e ter a guarda compartilhada dos três filhos do casal. Ainda segundo a denúncia, o ex-marido também não aceitava o fim do casamento pela vítima ter assumido ser homossexual.

De acordo com a Polícia Civil, Wagner pagou R$ 38 mil para que Marcos Ramon cometesse o crime. A moto utilizada no assassinato foi encontrada pela polícia enterrada em um terreno na Região Metropolitana de Curitiba.

Foto: Divulgação/PCPR