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Seca nos rios altera rota de exportações do Paraguai e aumenta embarques em Paranaguá

O Porto de Paranaguá registrou um aumento de mais de 30% nos embarques de farelo de soja vindos do Paraguai e destinados..

O Porto de Paranaguá registrou um aumento de mais de 30% nos embarques de farelo de soja vindos do Paraguai e destinados à exportação no mês passado, de acordo com a Receita Federal. O principal motivo é a seca. A crise hídrica afeta os países do Mercosul, o que fez com que o farelo paraguaio que normalmente era enviado por navios para a Argentina precisasse de uma nova formatação logística.

“Como a mercadoria não tem como destino final o solo brasileiro, é necessário que ela atravesse o país através do regime de Trânsito Aduaneiro de Passagem. Nesta modalidade, os produtos introduzidos no País têm a exigibilidade dos impostos suspensa até que eles novamente deixem o Brasil”, explica a Receita.

Devido à seca e ao baixo nível nos rios, especialmente o Rio Paraná, a maior parte do farelo de soja ingressa o país via Porto Seco de Foz do Iguaçu, no oeste do estado. Lá, se inicia o trânsito aduaneiro sob fiscalização da Receita Federal, geralmente seguindo por caminhões até o Porto de Paranaguá, no Litoral paranaense, onde o trânsito é encerrado pelos servidores do órgão e o produto segue para seu destino final por via marítima.

Porém, com a crise hídrica e o consequente aumento da demanda pelo transporte, a Receita Federal testou na última semana incorporar a malha ferroviária ao trânsito de passagem, utilizando o Porto Seco de Cascavel. 

“A carga chega pela via rodoviária em Foz do Iguaçu, seguindo assim até Cascavel, onde é embarcado em trens que seguem até Paranaguá para o carregamento do produto graneleiro em navios de exportação”, detalha a assessoria da Receita.

Ainda conforme a Receita Federal, a viabilidade do trânsito multimodal aduaneiro estimula a economia paranaense, tanto para as empresas que realizam os transportes ferroviários, rodoviários e marítimos como para as que prestam serviços a elas, tais como empresas do setor de combustíveis, peças, e serviços, dentre outras.

Seca afetou navegabilidade. Agora chuva e umidade impactam nas operações e geram saldo negativo na movimentação em Paranaguá

Apesar do aumento na demanda de embarques de farelo de soja vindos do Paraguai, por conta dos baixos níveis para navegação fluvial, a chuva acima da média no Paraná em outubro tem impactado diretamente as operações no Porto de Paranaguá, que acumula saldo negativo na movimentação, principalmente dos granéis sólidos – soja em grão e farelo, fertilizantes, açúcar e milho.

“Se molhados, esses produtos estragam. Por isso, quando há sinal de chuva as operações param. O comandante do navio manda fechar os porões até que tenha segurança para abri-los novamente, sem prejuízo à carga”, aponta o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.

Segundo dados da Diretoria de Operações da empresa pública, até o último dia 20 de outubro as paralisações por chuva no embarque dos granéis sólidos de exportação – soja, farelo e milho –, pelo Corredor Leste, já equivalem a um período de onze dias.

“Para se ter uma ideia, no ano passado, nos 31 dias de outubro não chegou a parar nem dez dias por cauda da chuva”, completa o diretor-presidente. 

Se comparados os mesmos primeiros 20 dias do mês de outubro de 2020 e 2021, o aumento do tempo de parada nos embarques dos produtos, por conta da chuva, é de cerca de 77%. Em 2020, o tempo de paralisação de 01 a 20 de outubro foi de 6,2 dias, ainda conforme a Portos do Paraná.

Nos primeiros 15 dias de outubro, segundo o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), a chuva já superou a média comum para o mês, em todas as regiões do Estado. A previsão neste domingo e nos últimos dias de outubro é de mais chuva, incluindo na faixa litorânea.