Sessão com Dino na Câmara é encerrada após xingamentos e bate-boca

A sessão na Comissão de Segurança Pública foi encerrada após uma discussão de cerca de cinco minutos ininterruptos entre parlamentares do governo e da oposição.

Em uma repetição do que ocorreu na sessão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), a audiência com o ministro da Justiça, Flávio Dino, nesta terça-feira (11) na Comissão de Segurança e Justiça da Câmara dos Deputados foi marcada por bate-boca, discussões, interrupções e precisou ser encerrada por seu presidente antes do final devido à desordem.

“Se lá na CCJ foi aquela pantomima, aqui não vai ser”, chegou a dizer Sanderson (PL-RS), presidente da comissão, ainda no início das primeiras discussões. Mas não foi o que aconteceu, e a audiência durou menos de duas horas.

Dentre os bolsonaristas, deputados como delegado Éder Mauro (PL-PA), Gilvan da Federa (PL-ES) e Junio Amaral (PL-MG) foram alguns dos protagonistas das discussões. Pela base do governo, estavam presentes nomes como Orlando Silva (PC do B-SP), Duarte (PSB-MA) e Gervásio Maia (PSB-PB).

Amaral iniciou seu questionamento a Dino dizendo que era preciso corrigir o que houve de errado na CCJ, em referência às discussões. Em seguida, acabou gerando bate-boca ao criticar a atual base do governo, que segundo ele agia como “thutchuca contra organizações criminosas e tigrão contra manifestantes do 8 de janeiro”.

O deputado Duarte (PSB-MA) acusou a deputada Carla Zambelli (PL-SP) de xingá-lo quando os microfones estavam desligados e durante um dos diversos bate-bocas da sessão.

“Repudio veementemente essa atitude inaceitável e total falta de exemplo. Irei representá-la no Conselho de Ética. Respeito é a base de qualquer diálogo”, afirmou Duarte após a audiência.

Durante o encontro, Dino defendeu o fortalecimento das polícias, criticou o incentivo ao porte de armas por cidadãos comuns, disse não ver problema na visita que fez à comunidade da Maré, no Rio de Janeiro, e criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O ministro de Lula afirmou que sua pasta intensificou o trabalho de monitoramento às redes de ameaça às escolas. Acrescentou que irá abrir um edital para que governos estaduais enviem projetos de patrulhas escolares.

“Temos plataformas que estão colaborando muito, outras que estão colaborando menos que o necessário para que haja a moderação deste conteúdo de ódio, agressão, propagação de violência e apologia à violência contra crianças e adolescentes”, disse o ministro.

A sessão na Comissão de Segurança Pública foi encerrada após uma discussão de cerca de cinco minutos ininterruptos entre parlamentares do governo e da oposição.

“Senhores, senhores… senhores! Está encerrada a sessão, nós faremos uma nova convocação”, afirmou Sanderson. Na sequência, Dino deixou a sala sob gritos de “fujão” de deputados da oposição.

Na audiência de 28 de março, o principal embate ocorreu após fala do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que tentou repreender Dino por respostas irônicas que havia dado a parlamentares.

Em rede social, Dino afirmou que “deputados extremistas adotaram uma sequência de atitudes ameaçadoras, ofensivas e agressivas”, impedindo a realização de audiência na Comissão de Segurança.

“A lamentável confusão na Comissão de Segurança Pública da Câmara envolveu palavras impublicáveis, ameaças, agressões e ofensas. Tais atitudes reforçam a necessidade do controle de armas. Imaginem essa gente com arma na mão, sem estabilidade emocional. Um perigo para a sociedade”, escreveu.

As cenas lembraram a última vinda de Dino à Câmara, quando ele compareceu a CCJ e também houve bate-boca entre governistas e opositores.

No encontro, o principal embate ocorreu após fala do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que tentou repreender Dino por respostas irônicas que havia dado a parlamentares.

“O senhor tem que tratar essa comissão com respeito, sem deboche ou sorrisinho de canto, porque aqui não tem palhaço nem circo e a gente precisa ter respeito com o Parlamento”, afirmou o deputado.

Em resposta, ouviu gritos de “moleque”, “peruca”, “palhaço” e “chupetinha” —não foi possível identificar, porém, quem usou a expressão homofóbica para atacá-lo.
Nikolas é alvo de representações no Conselho de Ética da Câmara por fazer discurso transfóbico no plenário da Câmara, vestindo uma peruca, no Dia Internacional das Mulheres. Como a Folha de S.Paulo mostrou, porém, a tendência é que o deputado não seja cassado e receba uma punição leve.