Setor de combustíveis vê risco de desabastecimento e pede atenção a PR e SC

A refinaria de Araucária (PR) está parada para manutenção, e manifestantes fecharam as principais vias de importação de outros estados

As maiores distribuidoras de combustíveis do país alertam para risco de desabastecimento dos postos com a manutenção dos bloqueios em rodovias por atos bolsonaristas antidemocráticos. O setor pede especial atenção para Santa Catarina, Paraná e o entorno da Refinaria de Paulínia, em São Paulo.

Os bloqueios já provocam falta de produtos em postos de ao menos cinco estados e do Distrito Federal, segundo sindicatos que reúnem os revendedores. O problema é causado principalmente por dificuldades nas entregas de etanol anidro e biodiesel, que são misturados na gasolina e no diesel.

“Mantido o atual cenário de manifestações em diversas regiões do país com bloqueios totais e parciais de estradas, o IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás) expressa preocupação com o risco de desabastecimento”, disse o instituto que reúne as grandes distribuidoras, como Vibra (ex-BR), Raízen e Ipiranga.

Em relação a combustíveis automotivos, a situação é mais crítica em Santa Catarina e no Paraná, já que a refinaria que atende os dois estados, localizada em Araucária (PR), está parada para manutenção, e manifestantes fecharam as principais vias de importação de outros estados.

De fato, Santa Catarina foi o primeiro estado a acusar falta de combustíveis nos postos, ainda na noite de segunda-feira (31). O estado tem forte base bolsonarista, o que vem dificultando o trabalho de desobstrução das vias bloqueadas.

Já a preocupação com Paulínia está relacionada à produção de querosene de aviação para atender as companhias aéreas, disse à reportagem a diretora do IBP responsável pelo segmento, Valéria Lima.

Ela disse que o setor se reuniu com os ministérios de Minas e Energia e da Infraestrutura na noite de segunda, mas ainda não vê um esforço de coordenação para garantir o transporte dos produtos.

“O IBP reforça a necessidade de uma ação coordenada das autoridades visando o desbloqueio das estradas, inclusive com a formação de corredores logísticos, com proteção dos órgãos de segurança pública, nos trechos de maior criticidade”, diz o instituto, em nota divulgada nesta terça.

Para evitar desabastecimento de diesel, as distribuidoras vão propor ao governo a flexibilização da mistura de biodiesel, hoje em 10%, já que a logística do produto é feita por via rodoviária e os polos produtores estão localizados no Centro-Oeste.

Lima diz ainda que o IBP estuda a viabilidade de pedir a flexibilização da mistura de etanol anidro à gasolina, hoje em 27%. Mas qualquer proposta nesse sentido depende de avaliações sobre o rendimento dos motores.