Pedro Ribeiro

Em meio ao agravamento da pandemia de Covid-19, muitos pacientes enfrentam o dilema: ficar em casa e adiar o tratamento de outras doenças ou manter o tratamento mesmo sendo necessário deixar o isolamento social? A médica oncologista Thais Abreu de Almeida responde essa e outras dúvidas no programa ‘Assembleia Entrevista’, da TV Assembleia. O uso da telemedicina pode ser uma grande aliada para que a população possa manter o acompanhamento médico e o tratamento adequado.

Segundo Thais, estudos europeus apontam um aumento de 20% na taxa de mortalidade de pacientes com câncer em decorrência de atrasos ou adiamento do tratamento. No Paraná, os reflexos da pandemia também já são percebidos em clínicas e hospitais. “A gente tem observado uma queda de quase 50% no número de consultas, tanto da parte de tratamento como de acompanhamento oncológico. Muitos pacientes estão abandonando o tratamento, adiando a quimioterapia ou adiando as consultas que são extremamente importantes para o seguimento e para o desfecho ideal do tratamento”, disse a médica que é membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e do Departamento de Oncologia Clínica do Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba.

As unidades de saúde têm adotado protocolos rígidos para garantir o atendimento de todos os pacientes com a segurança necessária para evitar contaminações. Ambientes separados e higienizados a cada atendimento, monitoramento da temperatura, uso de máscara e o distanciamento são hábitos incorporados nas rotinas de atendimento. Por isso, Thais recomenda que o paciente em tratamento ou com novas queixas deve procurar atendimento. “O sucesso do tratamento oncológico está intimamente relacionado ao diagnóstico precoce. Isso significa que o indivíduo deve sair de casa e procurar auxílio médico se ele tem alguma queixa específica. Da mesma forma que o paciente que já está em tratamento. Fica muito mais complicado ele conseguir curar a doença se ele não faz o tratamento de forma correta, dentro do intervalo de tempo necessário”.

Telemedicina – Quem está em acompanhamento deve aproveitar os recursos da tecnologia para manter a saúde em dia. Autorizada pelo Conselho Federal de Medicina, a teleconsulta ou consulta virtual é um recurso importante nesse período de pandemia. “De preferência, as consultas online são feitas para aquele paciente que o médico já conhece o indivíduo, já tem uma noção do corpo dele, das queixas e ele sabe o que realmente deve ou não ser valorizado. Então a telemedicina tem sido feita para casos de acompanhamento e de baixo risco”.

Durante o bate papo virtual, a médica dá dicas sobre os cuidados que devem ser tomados dentro de casa e também ao sair de casa para um exame ou consulta, conta quais os sintomas devem motivar a procura do atendimento médico e fala dos riscos da automedicação.