Pedro Ribeiro

O pedido de CPI para investigar a Petrobras feito pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), logo após o reajuste nos preços dos combustíveis, foi mais um dos vários tiros no pé dados pelo chefe da nação nos últimos meses. Neste caso, foi irônico porque ele pede para investigar o próprio governo – ele mesmo – o que causou estranheza, colocando em dúvida, mais uma vez, sua capacidade de gestor público.

“Basta que o presidente Jair Bolsonaro crie coragem e demita o Conselho Administrativo e a diretoria da Petrobras para resolver este impasse, esta queda de braço”, aconselha o deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli.

Deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli. Foto: Divulgação

Há sinais de que, no dia sete de julho, lideranças dos caminhoneiros autônomos estão programando um movimento nacional de paralisação a exemplo do que aconteceu em 2018. Para o ex-presidente da Fetranspar, Coronel Sergio Malucelli, “o aumento nos preços do diesel e da gasolina  deve servir como combustível para inflamar este possível movimento”.

Sobre a CPI, o deputado federal, Gustavo Fruet, diz que o primeiro a ser ouvido é o próprio Presidente da República, que indicou quatro presidentes da Petrobras e preside o governo que detém o controle acionário da empresa. Sugere, ainda, a convocação dos ministros das Minas e Energia e da Economia, além da quebra de sigilo de todos, incluindo diretores da Petrobras

Deputado federal Gustavo Fruet. Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados

TIRAR PODER DOS ESTADOS

O governo federal, no caso do novo reajuste nos preços dos combustíveis, em meio à discussão no Congresso Nacional de medida justamente com objetivos de reduzir os preços, levou um golpe do próprio governo federal, já que é majoritário na Petrobras. Bolsonaro surtou, mas não conseguiu impedir a decisão do Conselho Administrativo da Petrobras e muito menos do presidente que ele indicou. 

Para o deputado estadual, Luiz Cláudio Romanelli, que vem acompanhando com lupa os reajustes nos preços dos combustíveis, a intenção do Congresso Nacional em jogar no colo dos Estados a responsabilidade pela falta de controle da política de preços, penalizando com redução na arrecadação, só trará sérias consequências com rombos nos cofres públicos estaduais. “Faltará recursos para investimentos em infraestrutura, Educação, Saúde e Segurança Pública”, afirma.

“As decisões, que vem sendo tomadas em Brasília em relação aos preços dos combustíveis, só retiram o poder dos estados e tudo por conta de um processo eleitoral que se avizinha”, pontua o parlamentar. 

MEDIDA PALIATIVA PARA O MOMENTO ELEITORAL

O ex-presidente da Fetranspar e pré-candidato a uma vaga na Assembleia Legislativa do Paraná, Coronel Sergio Malucelli, observa que o aumento nos preços dos combustíveis, seja de centavos, traz um desastroso impacto na cadeia produtiva em geral, desde os produtos embarcados no campo, e toda a logística de transporte até as cidades e para exportação. 

Segundo o ex-dirigente do setor de transportes de cargas, a atual política do governo de querer reduzir as alícotas do PIS/Cofins, “pouco vai representar para o setor. A ação do governo trouxe grande expectativa para o setor de transportes de cargas mas, com o aumento inesperado de 14,6% no óleo diesel, acabou frustrando”. 

Para Malucelli, “o diesel para o transporte rodoviário de cargas deve ser subsidiado com a retirada de parte do lucro dos acionistas majoritários da Petrobras, ou seja, do próprio governo”. O congelamento do ICMS dos Estados sobre os combustíveis, mesmo com a oferta de compensação, causará um impacto profundo nas receitas estaduais com redução nos investimentos de infraestrutura, Saúde, Educação e Segurança Pública, prevê Malucelli. “Trata-se de mais uma medida paliativa para o momento, visando o pleito eleitoral em outubro”.