TRF4 afasta juiz Eduardo Appio da Lava Jato
O juiz federal Eduardo Appio causou desconforto em alguns ex-integrantes da força-tarefa Lava Jato após assumir a 13ª Vara Federal de Curitiba
O TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4.ª Região), com sede em Porto Alegre, decidiu afastar, na noite desta segunda-feira (22), o juiz federal Eduardo Appio da 13.ª Vara Federal de Curitiba.
Dessa forma, por consequência, o tribunal de segunda instância retira das mãos do juiz os processos relacionados à Operação Lava Jato. Nos últimos meses, Appio havia retomado o andamento de processos antigos e reformado decisões do ex-juiz Sergio Moro.
O afastamento não é definitivo. Por se tratar de uma medida cautelar, Eduardo Appio terá um prazo de 15 dias para apresentar a defesa prévia.
TRF4 X EDUARDO APPIO
A decisão do TRF4 atende a um pedido do desembargador Marcelo Malucelli. A alegação é de que Appio extrapolou os limites da função ao ligar, fora do horário de expediente, para o filho do magistrado.
A intenção era confirmar o parentesco entre eles, uma vez que o filho do desembargador teria ligações com o senador Sergio Moro (União). João Eduardo Malucelli seria sócio do ex-juiz federal em um escritório de advocacia sediado em Curitiba.
O parlamentar, que até 2018 era o juiz responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, foi acusado de extorsão pelo advogado Rodrigo Tacla Duran. O desembargador, por sua vez, teria atuado em benefício do Moro ao publicar decisões desfavoráveis a Tacla Duran.
APPIO NA LAVA JATO
Além desse caso específico, a postura do juiz federal Eduardo Appio causou desconforto em alguns ex-integrantes da força-tarefa Lava Jato. Após assumir a 13ª Vara Federal de Curitiba, em 2022, o magistrado reformou diversas decisões do ex-juiz Sergio Moro e fez críticas públicas à condução dos processos nos anos anteriores.
Mais cedo, nesta segunda-feira (22), Appio falou em “apagar o legado da Lava Jato”. Em entrevista à GloboNews, o magistrado disse ver “indícios de graves delitos” envolvendo uma escuta ilegal na cela do doleiro Alberto Youssef, considerado o marco-zero da operação.
A reportagem tenta contato com o TRF4 e com a Justiça Federal do Paraná.