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Escavações em sítios arqueológicos no Paraná revelam peças históricas

Escavações em sítios arqueológicos no Paraná revelam peças históricas

As obras do Sistema de Transmissão Gralha Azul (STGA), da companhia Engie,  têm garantido a localização, o estudo e a co..

Redação - sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021 - 10:46

As obras do Sistema de Transmissão Gralha Azul (STGA), da companhia Engie,  têm garantido a localização, o estudo e a conservação dos materiais encontrados nos locais onde os trabalhos vêm sendo realizados. O projeto passa por 27 municípios do Paraná, e a empresa faz o trabalho de resgate das peças históricas nos sítios arqueológicos por meio do Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico.

Segundo o diretor de implantação do STGA, Márcio Daian Neves, os estudos que envolvem a área do patrimônio arqueológico estão presentes desde a etapa de planejamento dos empreendimentos do projeto. “Fizemos uma análise completa, desde a fase de pré-leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), estudamos o potencial arqueológico da região atingida pelo projeto, e estaremos atuando até a emissão da Licença de Operação, com a etapa final das obras”, explica Daian.

“Todas as peças arqueológicas encontradas são encaminhadas para análises nos laboratórios de arqueologia e, posteriormente, para a Instituição de Guarda Permanente da Coleção. Lá elas ficam acondicionadas e são utilizadas para futuros estudos de pesquisadores, o que demonstra mais uma preocupação do STGA com a conservação local e com o cumprimento das normativas legais exigidas”,diz o diretor.

Sítios arqueológicos são analisados cientificamente

A arqueóloga gestora do STGA, Luciana Ribeiro, cita uma complexa pesquisa sobre as populações que habitavam a região. “Todos os sítios arqueológicos encontrados pelo STGA são analisados à luz de estudos feitos no passado, cruzando os dados com pesquisas atuais. É, então, elaborado o cadastramento das poligonais dos sítios arqueológicos, para constar no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Com isso, são tomadas todas as medidas preventivas previstas na legislação vigente e as medidas de controle durante a obra, como o monitoramento contínuo das atividades de supressão de vegetação e fundação das torres”, explica Luciana.

Depois da avaliação de impacto, o projeto avança e inicia-se a fase de escavação dos sítios arqueológicos. Luciana relata que essa ação é como contar uma história. “Funciona como a leitura de um livro, mas de trás para frente. A primeira camada a ser escavada será o final da história, e na última camada do sítio arqueológico – no fundo do solo – temos o início dessa história”.

Por este motivo, a ação de escavação é feita aos poucos, cerca de 10 em 10 cm. “Se alguém vem e bagunça as camadas de solo do sítio arqueológico é como se misturasse as páginas do livro sem numeração, bagunçando sua história. Por isso, o processo é feito passo a passo e com todo cuidado”, afirma a arqueóloga.

O foco principal está em dois tipos de sítios arqueológicos: os líticos e os cerâmicos, que buscam entender os modos de vida dos grupos, e como os artefatos de pedra lascada/polida ou vasilhames cerâmicos eram produzidos e utilizados por grupos humanos neste ambiente.

São feitos estudos e levantamentos das populações pré-históricas e históricas e seus hábitos de vida. Essa pesquisa é realizada através das escavações que evidenciam os vestígios da cultura material, como restos de fogueiras, alimentos, ferramentas, habitações, e objetos deixados por eles nos locais em que habitavam.

Flechas, machadinhas e urnas

Ao longo das atividades, já foram encontradas pontas de projétil (flecha), raspadores, machadinhas, fragmentos de urnas cerâmicas Tupiguarani e vestígios de carvão.

A equipe arqueológica do STGA, esteve em dado momento, composta por até 60 profissionais em campo – entre arqueólogos e técnicos da Engie e das empresas executoras Zanettini Arqueologia e A Lasca Consultoria. Os materiais coletados, após datados e sistematizados, seguem diretamente para análises em laboratório.

A arqueóloga explica que, nos casos específicos em que os materiais estão em posse de propriedades particulares, é realizada a educação sobre o tema. “Muitos retiram artefatos, arando a terra há décadas, e geram acervos particulares, e acabam criando carinho por aquelas peças, pois são consideradas pertencentes da história da família.

O IPHAN estuda a regularização destas coleções em um banco de dados nacional”, explica Luciana. Os materiais oriundos das escavações, seguem para o Instituição de Guarda no Estado do Paraná, onde as universidades estudam o que foi coletado em pesquisas de trabalhos de conclusão de curso, mestrados e doutorados, ampliando o conhecimento sobre o passado da nossa sociedade.

Neste momento, está em fase de finalização as atividades de educação patrimonial desenvolvidas pelo o PIEP – Programa Integrado de Educação Patrimonial. “Com essa ação buscamos dialogar com as comunidades e estimular à conscientização do patrimônio local, para que se apropriem dos bens culturais regionais e assim sejam agentes da preservação. As atividades buscam ampliar os conhecimentos sobre os tipos de patrimônio, internalizando a ideia de conservação e preservação local”, conta Luciana.

 

Gralha Azul

As obras do ST Gralha Azul, da Engie, passarão por 27 municípios paranaenses, movimentando cerca de cinco mil vagas de emprego, com a construção de mais de 1.000 quilômetros de linhas de transmissão e 2.200 torres. Em execução no Paraná desde setembro de 2019, o projeto – que tem o investimento de R$ 2 bilhões – contempla a construção de cinco novas subestações de energia, cinco ampliações de subestações já existentes e quinze linhas de transmissão. Sua implantação deverá ser concluída setembro de 2021, com a operação escalonada prevista para iniciar em julho.

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